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Natal imune

Há sempre um Natal ou natais guardados nas gavetas da memória. Umas com mais ou menos pó, mais recentes ou mais longínquos. Contudo este arrisca-se a ser ainda mais distinto dos demais.

Há quem fale que será um regresso aos tempos mais antigos com menos atrações e uma Festa mais vivida dentro de portas. Veja-se por exemplo aquilo que se perspetiva para a “Noite do Mercado”, com o regresso à simplicidade das compras de fruta e de frescos, mas que que evoluiu ao longo dos últimos anos para um verdadeiro arraial de álcool, com a conivência das autoridades públicas que agora tecem comentários romanceados dessa simplicidade antiga.

A denominada “placa central” da Avenida Arriaga enquanto zona aprazível e devolvida às pessoas pelas políticas de mobilidade implementadas há já vários anos com o largo passeio conhece na “Festa”, um dos principais focos de animação com as suas tradicionais barracas de iguarias e bebidas espirituosas que este ano têm sérias limitações, não se perspectivando agora, qualquer luta inglória do “poço da morte” de algum vestígio de “picareta” que tenha escapado à purga do PS-Madeira. Até porque não há circo nem parques de diversão.

O comércio moribundo acalenta alguma esperança, alguns dos negócios como a prova final de vida dum ano para esquecer. Mas temos iluminações e teremos o tradicional fogo de artifício na ilha que acaba de ganhar pela sétima vez a importante distinção do melhor destino turístico insular da Europa. Podíamos prescindir deste espetáculo pirotécnico que nos proporcionou em 2007 figurar no Livro dos Recordes Guiness??

A demagogia trilha o seu caminho quando ouço que o dinheiro do fogo seria mais bem empregue para ajudar quem precisa. Uma frase admissível na conversa de café, mas que não inclui: deveres contratuais; o constante esforço de promoção do destino-Madeira; não atende a realidade da nossa vida, nem dos que nos visitam. Sim, teremos a nossa apoteose no anfiteatro do Funchal. A nossa tarefa nestas festividades de Natal e de Fim-de-Ano é titânica. Quase uma missão impossível. Não há polícias, fiscais, nem militares para observar o nosso comportamento no que respeita ao distanciamento social e demais medidas profiláticas. Se durante o ano precisamos de socializar, por maioria de razão, nesta época tal sucede muito mais. O rastilho está no chão à espera de ser ativado. Compete-nos anular a tentação e o descontrole, até porque há uma ténue luz ao fundo deste interminável “furado” com uma vacina cuja distribuição neste nosso país, poderá ocorrer melhor que a tradicional vacina da gripe, que afinal contrariando a garantia do Ministério da Saúde, não chegou a todos que a quiseram tomar. Por agora resta-nos manter a resiliência e responsabilidade. E com moderação ir saboreando as nossas tradicionais “vacinas doces” da Festa.

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