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Livre-arbítrio

O Natal está a chegar ao fim, com todas as condicionantes e “novidades” determinadas pela pandemia Covid19 e aproxima-se, rapidamente, o fim do funesto ano 2020, como o consequente início de mais um “ano novo”.

Tradicionalmente o Ano Novo é uma oportunidade de balanço de vida, análise do passado recente e bons propósitos em relação ao futuro imediato.

Implica, pois, decisões. Essas decisões terão, obrigatoriamente, consequências na vida de cada a um de nós. Podem mesmo ser decisivas para o nosso futuro. Para a nossa vida.

Daí a circunstância de, anualmente, por esta altura, quase todos nós procurarmos projectar conseguir os objectivos que há muito procuramos, fazer bons propósitos acerca da nossa actuação futura, tentarmos, honestamente, ser melhores: melhores pessoas, melhores cidadãos, melhores profissionais, melhores seres humanos.

E quase todos nós, senão todos, acreditamos que isso é possível. Mais, acreditamos que isso depende, essencialmente, da nossa vontade e determinação. Resumindo: pressupomos ter livre-arbítrio, vontade livre de escolha, decisões livres.

Muitas vezes falhamos e acusamo-nos de incapacidade, de fraqueza. Ora o pressuposto do livre-arbítrio não é universalmente aceite nem pela filosofia, nem pelas correntes morais nem pela psicologia.

Diversas teorias negam a possibilidade do livre-arbítrio. Põem em causa a capacidade de escolha autónoma realizada pela vontade humana.

Só para citarmos duas dessas teorias: o determinismo mecanicista e o determinismo teleológico afirmam serem todos os acontecimentos, inclusivamente escolhas e vontades humanas, causados de forma “necessária e suficiente” por acontecimentos anteriores, isto é, o homem é destituído de liberdade de decidir e de influir nos fenómenos em que toma parte. Consideram, portanto, a noção de liberdade como ausência de determinação causal.

Será prudente, portanto, sem nos preocuparmos muito com teorias e noções difíceis de entender para o comum dos mortais, fazermos os nossos propósitos de realização e de melhoria pessoal, para o novo ano, sem deixarmos de ter em conta que nem sempre a responsabilidade pelo insucesso (ou pelo sucesso) pode ser assacada a cada um de nós, simples mortais.

Sinceros desejos de um Ano Novo cheio do que mais desejam, mas não se esqueçam de que há acontecimentos e situações que condicionam a nossa vida e actuação e que nem sempre são causados ou determinados pela nossa vontade. O ano que ora termina tem sido um exemplo disso.

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