“Ver os anos de trabalho irem por água abaixo”
Gil França relata em que condições encontrou o estaleiro que tem há mais de três décadas
Sucedem-se os relatos de desolação no Norte da Madeira, onde vários habitantes confrontam-se, agora, com os prejuízos provocados pelo temporal dos últimos dias.
Gil França, dono de um estaleiro há mais de 30 anos, está a “tentar tirar algumas máquinas para recuperar”, mas confessa que ainda
não conseguiu avaliar danos.
Ao DIÁRIO, disse ser muito difícil “ver os anos de trabalho irem por água
abaixo”, mas garante que não vai desanimar.
“Enquanto aqui andamos temos que ir para a frente e não temos outra hipótese senão lutar. E com calma, vamos conseguir. Temos de trabalhar para sobreviver”, relata Gil França, que diz ter vivido o Natal com “o coração apertado”.
Referindo-se a um temporal de que “não há memória de já ter acontecido”, recusa-se a apontar responsabilidades: “30 horas a chover torrencialmente num lugar destes! Quem é que consegue estar seguro? O que é que um aviso vermelho ia fazer perante uma intensidade de água destas? Ninguém podia fazer nada, a natureza é assim.”
A esposa, Isabel França, assegura que "nada fazia prever isto", recordando que "começou a chover no dia 24 à noite, choveu torrencialmente toda a noite, ontem o dia todo e toda à noite outra vez".
A testemunha descreve uma "grande derrocada que entupiu a escola" e outra mais acima: "Tem pessoas pressas também ali em cima, porque houve várias derrocadas. Os meus pais também estão presos em casa, nem podemos ajudá-los".