Retidos durante sete horas dentro de túnel cercado por enxurradas
Filipe Fernandes conseguiu atravessar o túnel da Boaventura e chegar à casa dos pais; O irmão, Patrício, já só conseguiu abrigar-se
Chegou ao túnel que faz a ligação à Boaventura meia hora depois do irmão e Patrício Fernandes já não conseguiu passar. Nem a pé, nem de carro. Ficou abrigado no túnel durante sete horas, juntamente com sete turistas.
Preocupado com os pais, que residem na Boaventura, junto ao campo de futebol, Patrício não arriscou atravessar o túnel, ao contrário do irmão Filipe (no vídeo) que conseguir passar, mesmo no limite, cerca de meia hora antes.
Parou o carro no lado de Ponta Delgada e fez-se ao túnel, mas as sucessivas derrocadas e cheias impediram qualquer possibilidade de chegar à rotunda da Boaventura. Do lado de Ponta Delgada, a água das chuvas tomou conta da estrada, arrastando destroços. Patrício Fernandes ficou encurralado.
Dentro do túnel estavam dois carros retidos. Um casal alemão com uma criança e quatro turistas continentais, algo agitados.
Permaneceram durante cerca de sete horas retidos no túnel até alguns deles ficarem sem bateria no telemóvel. Só perto da meia-noite foi possível aos meios de socorro procederem ao resgate, depois de diminuir o caudal das chuvas e uma vez reunidas as condições de segurança.
O grupo saiu pelo lado de Ponta Delgada. Patrício Fernandes acabou por voltar à ribeira Brava e passar à noite na casa dos sogros. Quase não pregou olho, preocupado com os pais, cuja habitação ficou inundada de lama, conforme refere o irmão, Filipe Fernandes (no vídeo) à reportagem do DIÁRIO.
Habituado às partidas do tempo e conhecedor do interior da ilha, Patrício Fernandes admite que apanhou um grande susto mas não deixa de elogiar o esforço das entidades que, dentro do possível, conseguiram abrir uma brecha no entulho e encontrar espaço para a evacuação das pessoas retidas no túnel.