"Não há provas" da variante sul-africana na origem de segunda vaga no Reino Unido
O ministro da Saúde da África do Sul, Zweli Mkhize, criticou as declarações do seu homólogo britânico, afirmando não existirem provas de que a variante sul-africana de covid-19 esteja na origem da segunda vaga de infeções no Reino Unido.
O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, alegou na quarta-feira que uma nova variante do coronavírus foi detetada no Reino Unido, tendo sido descoberta pela primeira vez na África do Sul, impondo "imediatamente" restrições às chegadas da África do Sul devido à nova mutação por ser "mais contagiosa".
"As suas declarações [do ministro Matt Hancock] criaram a perceção de que a variante na África do Sul foi um fator importante na segunda vaga no Reino Unido e isso não está correto", refere o ministro da Saúde da África do Sul, em comunicado.
"Há provas de que a variante do Reino Unido se desenvolveu antes da variante sul-africana. Para dar algum contexto histórico, em 14 de dezembro, o Reino Unido relatou à OMS que uma variante havia sido identificada e rastreada em 20 de setembro de 2020 em Kent, sudeste de Inglaterra, aproximadamente um mês antes de a variante sul-africana aparentemente se ter desenvolvido", explicou o governante sul-africano.
Segundo Zweli Mkhize, "esta variante tem uma mutação comum com a variante sul-africana (a 501), embora sejam duas linhagens completamente independentes".
"Além disso, a variante do Reino Unido havia sido já identificada fora do Reino Unido, conforme relatado pelo professor Neil Ferguson, um destacado cientista britânico que disse ao comité de ciência e tecnologia do Reino Unido há dois dias que as provas da Dinamarca, um país com uma taxa de infeção relativamente baixa, sugerem que quase certamente a nova variante do vírus identificada no Reino Unido já está na grande maioria, senão em todos os países europeus", salientou.
O ministro da Saúde sul-africano referiu ainda que Pretória "está preocupada" com a "narrativa que se está a desenvolver de que a variante 501.V2 é mais transmissível do que a variante do Reino Unido" ou que pode potencialmente causar "morbidade e mortalidade mais graves", na sequência de "duas amostras recolhidas de contactos de viajantes sul-africanos que testaram positivo a uma variante do SARS-COV-2 geneticamente idêntica à 501.V2".
"Não há provas de que o 501.V2 seja mais transmissível do que a variante do Reino Unido, como sugerido pelo ministro da Saúde britânico. Também não há evidências de que o 501.V2 causa uma doença mais grave ou aumenta a mortalidade do que a variante do Reino Unido ou qualquer variante sequenciada em todo o mundo", sublinhou o governante da África do Sul.
Mkhize disse que o Governo sul-africano está focado em colaborar e cooperar com a Organização Mundial da Saúde e com todos os países para conter a disseminação da covid-19.
A África do Sul registou um recorde de 14.305 novos casos de infeção e 326 óbitos por covid-19 no país nas últimas 24 horas, elevando para 968.563 o total de casos positivos da doença que já causou 25.983 mortos, segundo o ministro da Saúde.