Bispo do Funchal espera que a pandemia tenha feito acordar os distraídos
D. Nuno Brás preside à Missa da Noite do Natal na Sé
“Hoje, no meio das trevas, brilha, uma vez mais, a luz do Natal”. Uma claridade que para o bispo do Funchal é bem necessária num mundo “em que há vários meses procura de uma luz ao fundo do túnel” e que, agora, com a descoberta de uma vacina, “já a enxergamos”, mas que não esconde fragilidades.
Consciente que o mundo “viveu aflito e angustiado com a opressão de um vírus”, D. Nuno Brás espera que a pandemia que causou muitas mortes e muito sofrimento “não tenha sido em vão, e nos tenha acordado para a realidade do que somos — ou, ao menos, nos tenha feito interrogar acerca do percurso que estávamos a realizar”.
Na homília da missa do Galo, realizada esta noite na Sé do Funchal, D. Nuno Brás referiu que “um mundo que caminhava de mãos dadas com o progresso, de vitória em vitória — mesmo ignorando ostensivamente tantas situações de desgraça noutras partes do globo e até no seu próprio seio (situações de derrota efectiva de humanidade) — viu-se, de repente, colocado em causa no seu modo de viver despreocupado e distraído, centrado em si e no prazer que conseguia construir, voltado para o seu umbigo, sem outros horizontes de vida que não o “aqui e agora” do bem-estar. E descobriu-se aflito".
Num “ano de trevas”, o bispo do Funchal partilha uma “luz ao fundo do túnel” que brota, no seu entender, de uma intervenção de Deus.
Na homília da tradicional Missa do Galo, o prelado diocesano faz questão de garantir que Menino Jesus redentor “continua a vir até nós, na noite que estamos a viver — aquela noite de um mundo desorientado e aflito, e aquela que agora mesmo experimentamos” para inundar o nosso coração com a sua luz, para que o acolhamos, “sem medo, sem preconceitos, de coração disponível e puro, como sempre estamos diante de um recém-nascido” e para que o deixemos transformar o nosso coração”.
Deus une-se aos simples, frágeis, pobres, famintos, sedentos, doentes, prisioneiros, sem casa nem tecto para se abrigarem, para que também através deles sejamos capazes de O encontrar. D. Nuno Brás