Os meus vizinhos no Mundo
Ugur Sahin e Özlem Türeci, são os dois cientistas alemães de origem turca responsáveis pelo desenvolvimento da vacina da BioNtech-Pfizer. Assim como este feito científico foi obtido pelo empenho de um casal de imigrantes, uma grande parte das descobertas científicas e tecnológicas e da produção artística e intelectual, no mundo atual, é produzida por pessoas deslocadas da sua terra natal.
Por uma razão ou por outra, de forma forçada ou voluntária, as pessoas estão em constante circulação pelo mundo, o que potencia a troca de experiência, hábitos, formas de vida, de culturas, que por sua vez, gera mudanças. Se há países e culturas tradicionais que resistem ou tentam impedir as transformações decorrentes da multiculturalidade, impondo severas restrições de circulação (veja-se a Coreia do Norte), a verdade é que são poucas as nações que resistem e desvalorizam esses processos civilizacionais que mantêm vivas e enriquecidas as culturas desses países. É graças à mobilidade dos povos que temos acesso, no nosso país, a bens e produtos de outras gentes.
Os países mais tolerantes e que assuem a diversidade são mais acolhedores e respeitadores dos direitos individuais. Este facto, tem, porém, trazido alguns desafios aos países, que se veem confrontados com a necessidade de repensarem modelos de integração, ao mesmo tempo que lidam com a resistência interna e intolerância dos residentes, mesmo daqueles que têm origens diferentes, mas que se sentem integrados.
Cada indivíduo, por seu lado, exibe caraterísticas de uma diversidade de culturas e cada uma sujeita a mudanças. Não podemos por isso falar em culturas “puras”, pois todas são produto de várias influências. Não é por acaso que o lema da União Europeia é “In varietate concordia”.
A solidariedade e as relações de boa vizinhança, atualmente, não se restringem a quem mora na mesma rua ou cidade; são práticas feitas entre países, numa dimensão tão global quanto a nossa capacidade de chegar ao outro lado do mundo. É certo que nem tudo o que nos chega é positivo, como é exemplo o Covid-19, mas não podemos negar que, se Portugal não contasse com a solidariedade da Europa e do Mundo nestes tempos, a dimensão da tragédia seria pior e mais difícil de suportar.
Assim, em jeito de mensagem natalícia, desejo que o mundo caminhe num sentido de cada vez maior respeito pela diversidade e tolerância entre os povos e que a Declaração Universal dos Direitos Humanos sejam a Lei fundamental na orientação dos líderes mundiais.
BOAS FESTAS E QUE A ESPERANÇA SE MANTENHA SEMPRE VIVA.