Principais cidades chinesas começam a reduzir plástico
Várias cidades chinesas estão a aderir antecipadamente aos planos do Governo central chinês para reduzir o uso do plástico, a partir de 2021, ordenando os negócios a abdicarem do uso de palhinhas e outros utensílios.
Com mais de 16 milhões de habitantes, Chengdu, a capital da província de Sichuan, anunciou esta semana a proibição do uso de palhinhas de plástico em restaurantes, cafés e casas de chá, e pediu aos supermercados e lojas que deixem de usar sacos de plástico não biodegradável a partir do próximo ano, segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Em Cantão, a capital de Guangdong, que faz fronteira com Macau, foram emitidas ordens semelhantes, que abrangem ainda talheres de plástico descartáveis.
Uma dúzia de outras cidades chinesas tomaram anteriormente medidas, após o plano para reduzir o desperdício de plástico descartável ter sido publicado no início deste ano pelo Ministério da Ecologia e do Meio Ambiente e pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, o órgão máximo chinês de planificação económica.
O mesmo anúncio revelou que a produção e a venda de talheres descartáveis fabricados com espuma de plástico - copos de poliéster ou palhinhas, por exemplo - vão ser banidos. As autoridades esperam reduzir o uso de talheres de plástico descartáveis em 30%, até 2025.
As medidas incluem ainda a promoção da reciclagem e do uso de material "verde" no empacotamento.
No início deste ano, após o surto da covid-19, o Presidente chinês, Xi Jinping, pediu uma "recuperação verde" da economia mundial.
A China é um dos maiores produtores mundiais de resíduos: no ano passado, gerou 81,8 milhões de toneladas de resíduos plásticos, um aumento de quase 4%, em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais.
No entanto, os Estados Unidos produzem mais resíduos por pessoa do que a China, de acordo com a revista Forbes.
O jornal China Youth Daily informou que a indústria do comércio eletrónico gera 1,8 milhões de toneladas de lixo plástico anualmente, enquanto as entregas de refeição ao domicílio nas áreas urbanas produzem 350 toneladas de lixo plástico diariamente.
Embora a iniciativa tenha sido aplaudida por grupos ambientais em todo o mundo, a decisão do Governo de mudar para plásticos biodegradáveis é insuficiente para resolver a poluição causada pelo uso do plástico na China, de acordo com Molly Zhongnan Jia, pesquisadora da organização ambientalista Greenpeace no Leste Asiático.
Jia disse que o aumento da produção de plástico biodegradável significa apenas "mudar de um tipo de plástico para outro".
Os plásticos biodegradáveis precisam de cerca de seis meses num ambiente perfeitamente controlado - com temperaturas de até 49 graus Celsius e humidade - para se decomporem. No entanto, a China possui poucas instalações deste tipo, argumentou.
Segundo dados das Nações Unidas, mais de 31 toneladas de plástico são utilizadas na China todos os dias, entre as quais 74% não são adequadamente processadas: entre os 10 rios que transportam mais de 90% do plástico que acaba nos oceanos, seis correm parcial ou totalmente através do gigante asiático.
A China proibiu, em 2018, a importação de resíduos de plástico não-industriais, numa decisão com impacto mundial, já que era o principal destino de plástico para reciclar exportado pelos países mais ricos.
As importações e exportações globais anuais de resíduos de plástico dispararam em 1993, crescendo 800% até 2016. Segundo dados oficiais, em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos de plástico, o que representa cerca de metade das importações mundiais.