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Brasil diz que alta de 9,5% na desflorestação da amazónia poderia ter sido pior

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O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, considerou hoje que o aumento de 9,5% da área desflorestada na amazónia, entre agosto de 2019 e julho de 2020, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na véspera, poderia ter sido ainda pior.

"Vamos dizer o seguinte, [o resultado] foi menos mau. Essa é a realidade. Podia ser pior ainda (...) A expectativa que nós tínhamos - inclusive já tinha até sido publicada -, é que ia dar 20% acima do ano passado, então, deu 9,5%", disse Mourão aos jornalistas, ao chegar ao Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.

Mourão é presidente do Conselho da Amazónia, órgão criado pelo Governo brasileiro para coordenar as ações de proteção na floresta tropical do mundo.

Em números absolutos, a área desflorestada na amazónia chegou a 11.088 quilómetros quadrados no último ano, segundo dados divulgados na segunda-feira pelo INPE, órgão vinculado ao Governo central do Brasil que usa satélites para monitorizar os biomas do país.

Os dados mostraram que o estado do Pará concentra quase metade de todos os registos de desflorestação na região amazónica dentro do território brasileiro.

O número equivale a cerca de nove vezes a superfície da cidade do Rio de Janeiro e supera o número registado entre agosto de 2018 e julho de 2019, quando a desflorestação atingiu 10.129 quilómetros quadrados da floresta.

Organizações ambientais já haviam alertado para o aumento da extração ilegal de madeira na Amazónia, problema que atribuem em parte à retórica 'anti-ecológica' do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro.

A desflorestação também está diretamente relacionada com queimadas e incêndios florestais.

Segundo o INPE, foram registados 99.677 focos de incêndio na amazónia brasileira entre 01 de janeiro e 30 de novembro, número 16% superior aos 89.176 focos contabilizados em todo o ano de 2019, quando as imagens do fogo avançando pela floresta geraram várias críticas e protestos ao redor do mundo.

A situação em 2020 foi ainda agravada por uma seca severa em algumas regiões do Brasil, que favoreceu a propagação das chamas em áreas já desflorestadas.

De acordo com diversos relatos de organizações não-governamentais (ONG), a desflorestação e as posteriores queimadas nessas áreas fazem parte de um processo cujo objetivo final é o uso das terras para a agropecuária.

Após a divulgação dos dados oficiais do INPE, a ONG Greenpeace teceu duras críticas ao Executivo brasileiro.

"A resposta do Governo Federal face o aumento da desflorestação tem sido maquiar a realidade, militarizar cada vez mais a proteção ambiental e trabalhar para coibir a atuação da sociedade civil, ferindo a nossa democracia", afirmou a porta-voz de Amazónia da Greenpeace, Cristiane Mazzetti.

Já a entidade ambiental Observatório do Clima declarou que a alta não surpreendeu "quem acompanha o desmantelamento das políticas ambientais no Brasil desde janeiro de 2019. Os números simplesmente mostram que o plano de Jair Bolsonaro deu certo".

O aumento da destruição da Amazónia tem levado alguns países europeus a ameaçarem não ratificar o acordo de livre comércio assinado no ano passado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

Esse crescimento também provocou reação de fundos internacionais milionários e de grandes empresas privadas, que alertaram o Governo brasileiro para uma queda drástica nos investimentos no país se não houver um compromisso real com a proteção do meio ambiente.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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