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A prenda no sapatinho

EJulgo que a primeira sensação que todos temos na chegada ao fim de 2020, é sermos levados a pensar que este foi definitivamente um ano para esquecer. Por tudo aquilo que passamos, por tudo aquilo que fomos obrigados a enfrentar, por tudo aquilo que nos atingiu sem qualquer aviso prévio, em resultado de uma pandemia causada por um vírus, cuja aparente invisibilidade o transformou num poderoso inimigo.

Tivemos de alterar rotinas diárias, comportamentos e adaptarmo-nos a uma nova realidade, sem alternativas que dependessem apenas da nossa vontade. É incrível como um vírus tão democrático na propagação, se torna um verdadeiro ditador e tirano sobre as nossas vidas. Como foi capaz de nos roubar e provar de tanto, em tão pouco tempo, e em especial as coisas mais simples que dávamos por garantidas.

Mas como em tudo na vida, são os momentos difíceis que mais nos fazem crescer, evoluir e tornar mais fortes. Porque como se costuma dizer, só sabemos a força que temos quando ser forte é a única alternativa que nos resta.

Um dia vamos recordar o tempo em que distância significava amor e nos mantinha vivos, como diz a canção. Aliás, tenho esperança de que vamos igualmente lembrarmo-nos do que este ano significou em termos de aprendizagem sobre o que realmente importa na vida, e na forma como estamos todos ligados. Todos os nossos atos têm sempre impacto na vida de outros, e é por isso fundamental agirmos de forma positiva.

Estando todos na luta contra o mesmo inimigo, mantemos obviamente a nossa individualidade, que nos distingue em termos de preferências, desejos e ambições. É natural que assim seja e que todos queiramos voltar aos planos que tínhamos, pessoais ou profissionais, que foram adiados ou suspensos devido à pandemia. Mas julgo não ser grande exercício de futurologia, adivinhar o que todos desejamos como prenda no sapatinho.

Iremos entrar num novo ano, cheios de verdadeira e genuína esperança de que o pesadelo termine. De que todos voltem a sentir-se seguros, em especial aqueles que hoje tentamos proteger, os mais velhos, que sendo pais e avós, continuam a disfarçar o receio que sentem, apenas para fazer aquilo que sempre fizeram, proteger os filhos e netos.

Nunca fui supersticioso, por isso estou tranquilo quanto à partilha pública do meu maior desejo para 2021, na certeza de que muitos me acompanham. O que sempre fui, e continuarei a ser, é otimista. Faço votos de um Feliz Natal e um excelente novo ano para todos.

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