"O travão de mão"
“O travão de mão”
Boa noite!
. O primeiro-ministro, António Costa, avisou hoje que "logo a seguir ao Natal é preciso fazer um grande esforço de contenção", o que motivou o Governo a ter que puxar "o travão de mão" para a passagem de ano, ordenando um recolher obrigatório no continente às 23h de 31 de Dezembro. Ou seja, alguns portugueses são chamados a ser equilibristas, mesmos sem dominarem as artes circenses, e se gozam de maior liberdade na quadra natalícia terão que conter euforias nas noites em que costumam ser excêntricos. Veremos se terão capacidade para conter apetites ou se, entusiasmados pela embalagem que ganham na festa, não batem de frente à conta de excessos incorrigíveis.
. Miguel Albuquerque afirmou hoje publicamente que dois cidadãos morreram com covid-19 na Região “como consequência de uma atitude irresponsável de uma pessoa". A declaração presidencial claramente destravada, como é seu estilo, chocou e até motivou reparos do líder do PS-M que considerou que “acusar alguém de ser responsável por mortes não é uma atitude digna de um presidente". O estilo do chefe do Governo, de denúncia de um alegado infractor, facilmente indentificável, até pode ter consequências judiciais. Tão ou mais grave que a negligência anunciada é a acusação sem provas ou com meias verdades. Mas bem mais importante é o alerta para que ninguém pise o risco, mesmo que seja profissional dos sete costados e cadastrado no ‘poço da morte’.
Num e noutro posicionamento, mais ou menos pedagógico ou feliz, atabalhoado ou avisado fica evidente o medo que tudo se descontrole por via dos maus hábitos, cultivados durante décadas. Por isso, recorrer ao “travão de mão” é o último recurso para que não ocorram colapsos nos cuidados intensivos e não se coloque em perigo toda uma comunidade cuja maior felicidade nesta festa é ter saúde.