PM britânico assume "situação grave" do Brexit e exorta UE a ceder
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse hoje à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que as negociações para um acordo de comércio pós-'Brexit' estão numa "situação grave" e não terão sucesso se a União Europeia não ceder.
"O primeiro-ministro sublinhou que as negociações se encontram agora numa situação grave. O tempo é muito curto e agora parece muito provável que o acordo não será alcançado a menos que a posição da UE mude substancialmente", disse um porta-voz.
Johnson disse que o Reino Unido está a fazer esforços para acomodar "exigências razoáveis" da UE em termos de condições de concorrência, mas que, apesar de as diferenças terem diminuído, algumas questões fundamentais continuam difíceis.
Sobre as pescas, o chefe do Governo britânico acusou a UE de não ser razoável nas suas propostas de acesso às águas britânicas e disse que, para haver um acordo, é preciso que Bruxelas "mude significativamente".
"O primeiro-ministro repetiu que sobra pouco tempo. Ele disse que, se nenhum acordo for alcançado, o Reino Unido e a UE se vão separar como amigos" e passar a negociar sob as condições da Organização Mundial do Comércio a partir de 2021.
Ainda assim, não foi anunciado um fim das negociações e o porta-voz disse que "os líderes concordaram em manter-se em contacto".
No final da conversa por telefone, Ursula von der Leyen vincou que "há ainda grandes diferenças por ultrapassar, em particular no que diz respeito às pescas", mas adiantou que "as negociações continuarão amanhã", sexta-feira.
O Reino Unido abandonou a UE a 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31 de dezembro.
Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.
As duas partes estão a preparar-se para o cenário de ausência de acordo ('no deal'), e tanto UE como o Reino Unido estão a acelerar os respetivos planos de contingência.