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Nove detidos por naufrágio em que morreram 28 pessoas na Venezuela

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As autoridades venezuelanas detiveram nove pessoas, incluindo sete militares, por suspeita de envolvimento no naufrágio de uma pequena embarcação entre a Venezuela e Trinidad e Tobago, no qual morreram 28 pessoas, anunciou o procurador-geral.

Numa conferência de imprensa em Caracas, Tarek William Saab precisou que o número de detidos passou de dois para nove, entre os quais se encontram sete militares, e confirmou que o número oficial de mortos subiu para 28, dos quais 26 estão plenamente identificados.

"Emitimos ordens de detenção contra sete funcionários da Estação de Vigilância Costeira de Güiria da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar)", disse.

Segundo o procurador, esses oficiais teriam cobrado 4.500 dólares norte-americanos (3.674 euros) "para não reportar" ao Ministério Público que um dos agora detidos já tinha sido preso a 09 de dezembro, quando trazia várias pessoas desde Trinidad e Tobago.

Os militares teriam ainda ficado com o motor de uma embarcação.

Segundo o procurador, a cada passageiro foi cobrada a quantia de 150 dólares (122,5 euros) para uma travessia de cerca de 100 km para alcançar as costas de Trinidad e Tobago e fugir da grave crise que atinge a Venezuela há anos.

"Nós mantemos contacto permanente com todas as autoridades para desmantelar pela raiz estas organizações que se aproveitam da dor das pessoas", disse o procurador, precisando que foram emitidas outras ordens de detenção contra membros de um grupo que se dedica ao tráfico ilegal de pessoas.

Por outro lado, precisou que o Ministério Público venezuelano tem mantido reuniões com as autoridades de Trinidad e Tobago para garantir que delitos como esses sejam castigados em ambos países.

Os detidos são acusados de tráfico ilegal de pessoas, associação para cometer delito e extorsão agravada.

"No delito de tráfico de pessoas temos visto um aumento de casos a cada ano. Em 2017 foram quatro, em 2018 foram sete, 41 em 2019 e 66 em 2020", disse.

No passado domingo, a advogada e defensora dos Direitos Humanos venezuelana Rocio San Miguel denunciou que 19 pessoas morreram afogadas quando tentavam fugir da Venezuela para Trinidad e Tobago numa embarcação que naufragou a 63 milhas náuticas da localidade venezuelana de Güiria, 670 quilómetros a leste de Caracas.

A embarcação, que teria partido desde Güiria no domingo, 06 de dezembro, estava desaparecida há três dias.

O comissário que representa a oposição venezuelana na Organização de Estados Americanos (OEA), David Smolansky, denunciou que a pequena embarcação havia chegado a Trinidad e Tobago, mas foi impedida de atracar, tendo naufragado no regresso à Venezuela.

"Fugiram do regime (venezuelano) e Trinidad e Tobago violou o princípio de não devolução", num ato de "crueldade pura", escreveu Smolansky na sua conta na rede social Twitter.

O primeiro ministro de Trinidad e Tobago, Keith Rowley, disse aos jornalistas que a Guarda Costeira local nunca viu nem interagiu com as vítimas e insistiu que a única forma de entrar na ilha é com um visto.

Por outro lado, pediu que não se incentive os venezuelanos a arriscar a vida em travessias entre os dois países.

Em 13 de dezembro as autoridades venezuelanas confirmaram a morte de 14 pessoas no naufrágio, estimando que na embarcação viajavam 30 pessoas.

Segundo a OEA "é cada vez mais frequente os venezuelanos arriscarem a vida fugindo desesperadamente por mar em embarcações pequenas" para as ilhas das Caraíbas.

A imprensa venezuelana da conta de que em 2019 mais de 140 venezuelanos teriam desaparecido, em pequenas embarcações, quando tentavam chegar à vizinha Trinidad e Tobago.

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