Washington e Londres discutem direitos aduaneiros antes de acordo comercial
Os Estados Unidos estão em negociações com o Reino Unido para um acordo de redução nas tarifas impostas no contexto da disputa sobre os subsídios europeus à companhia Airbus, revelou o secretário de Comércio dos EUA.
"Estou a conversar com Liz Truss (secretário do Comércio Internacional do Reino Unido), para tentar encontrar algum tipo de acordo (...) Estou otimista de que chegaremos lá", disse Robert Lighthizer, representante do Comércio do Governo norte-americano, numa entrevista à estação televisiva BBC.
Contudo, Lightizer moderou as expectativas em torno de um vasto acordo de livre comércio entre os EUA e o Reino Unido, prometido pelo Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, e apresentado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, como um possível benefício do 'Brexit'.
As negociações acontecem quando o Reino Unido anunciou que está a reduzir as tarifas dos produtos norte-americanos na disputa entre as empresas de construção Airbus e Boeing.
A decisão entrará em vigor a partir de 01 de janeiro, logo que o Reino Unido tenha abandonado o mercado único europeu e a união aduaneira.
Ao dissociar-se da União Europeia neste assunto, Londres espera obter um acordo comercial pós-Brexit com Washington, com Lightizer a sugerir que os Estados Unidos poderão reduzir as tarifas sancionatórias que tem imposto, em particular sobre o uísque.
"Os Estados Unidos e o Reino Unido têm a vantagem de não subsidiar muito, ao contrário de outros países. Portanto, seria útil se pudéssemos chegar a um acordo", disse o secretário de Comércio norte-americano.
Lightizer está mais cauteloso quanto à possibilidade de ser possível negociar um vasto acordo de livre comércio.
Londres esperava negociar um acordo com os Estados Unidos o mais rápido possível, ainda em 2020, mas a pandemia e a transição de poder nos Estados Unidos tornaram o objetivo mais difícil.
De acordo com Lighthizer, é "extremamente provável" que um amplo acordo seja alcançado "em breve", mas realçou que serão necessários "compromissos difíceis", em particular na agricultura.
O Reino Unido pode ter de concordar em importar produtos como frango lavado com cloro ou carne bovina com harmónio, que têm padrões muito mais baixos do que os que são praticados na União Europeia.
O secretário de Comércio dos EUA reconhece que muito dependerá das relações entre o Reino Unido e a comunidade europeia, que continuará a ser o principal parceiro comercial dos britânicos.
"A natureza do nosso relacionamento será afetada pelo relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia. Eles são parceiros comerciais muito maiores do que nós. Há um histórico muito importante de comércio entre o Reino Unido e a União Europeia e é difícil imaginar que não haverá regras", concluiu Lightizer.
Londres anunciou recentemente um tratado comercial com o Japão e está a promover pactos bilaterais com diversos parceiros, imitando os acordos de que desfrutou como estado-membro da União Europeia.