Madeira

Estado não paga há 5 meses 'Incentivo à leitura' e lesa imprensa regional

Reparo foi feito pelo gerente executivo do DIÁRIO, José Bettencourt da Câmara, na sessão de abertura da conferência organizada pela Associação Portuguesa de Imprensa

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"Não posso aceitar que nos tempos que se vive certos organismos do Estado ao menos não cumpram os seus compromissos a tempo e horas. É inadmissível por exemplo que a imprensa regional tenha um atraso de 5 meses no recebimento do Incentivo à Leitura (antigo Porte Pago). São atrasos desta monta que em períodos destes dificultam ainda mais a vida aos jornais e revistas. Pelo menos paguem a tempo e horas o que sendo uma obrigação já podemos considerar um grande apoio". 

O reparo foi feito pelo gerente executivo do DIÁRIO, José Bettencourt da Câmara, na sessão de abertura da conferência organizada pela Associação Portuguesa de Imprensa (API), apelando ao Estado que olhe para este sector de actividade e dê, a exemplo de outros, a devida importância e relevância, com planos de apoio que não se limitem à compra antecipada de publicidade, dada a luta pela sobrevivência face à pandemia que marca este ano e que obriga a enfrentar desafios nunca antes imaginados. Se não o fizer, estima que em 2021 "muitos títulos não resistam aos tempos que correm".

Na qualidade de Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Imprensa, José Bettencourt da Câmara também referiu que a Imprensa livre não sobrevive sem o apoio dos seus leitores , sobretudo quando as receitas de publicidade batem no fundo , as vendas em banca são afectadas pela incerteza e os poderes lembram que há apoios , mas por sinal iguais aos de sempre. Alertou para a necessidade de travar a usurpação de conteúdos pagos por parte dos que acham que basta citar para que haja apropriação num ápice daquilo que deu trabalho e tem valor , mas que é difundido levianamente e de graça e para o combate à pirataria que atenta de diversas formas contra os Direitos de Autor.

Também exortou à luta contra as noticias falsas que "deve ser levada a cabo por todos, Governo, jornalistas , editores pelas plataformas digitais e também pelos próprios cidadãos" e defendeu o jornalismo de qualidade que implica investimento, em tecnologia, mas sobretudo em recursos humanos. Contudo, julga que o desafio é colectivo até porque os tempos são difíceis. "Para podermos ambicionar ter jornalismo de qualidade temos obrigatoriamente de ter jornalistas comprometidos, incentivados, devidamente remunerados , preparados para produzir boas investigações e bom jornalismo. Pois é, mas implica obviamente investimento. Quantos de nós estamos em condições de enfrentar este desafio mesmo sabendo que este é o caminho certo?", argumenta.

Para José Bettencourt da Câmara, a Associação Portuguesa de Imprensa - actualmente com mais de 250 associados que editam mais de 600 publicações periódicas e que celebra hoje 60 anos de existência - revela-se fundamental "na defesa e promoção dum sector editorial onde a sustentabilidade do negócio é garantia de independência e integridade".

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