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Comissão internacional coliderada por Durão Barroso vai propor reformas ao G20

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Lusa

Uma comissão internacional copresidida por José Manuel Durão Barroso vai propor aos líderes do G20, grupo das 20 maiores economias mundiais, reformas para garantir uma "relação saudável" entre as políticas económicas, a sociedade e os sistemas de saúde.

"Eu aceitei ser copresidente da comissão Reforma para a Resiliência, que agrega um impressionante conjunto de universidades e institutos com competências em domínios que vão da saúde à economia e da política e ao direito, para procurarmos retirar lições desta pandemia e preparar o futuro, no que diz respeito à ligação entre a economia, a saúde e a sociedade", disse hoje à Lusa o ex-presidente da Comissão Europeia e atual presidente designado da Aliança Global para as Vacinas (GAVI).

O trabalho desta comissão assenta numa rede de instituições parceiras, como é o caso do instituto independente Chatham House, da EUI School of Transnational Governance, do Imperial College London, da Business School for the World, da Johns Hopkins Carey Business School, do Tony Blair Institute for Global Change, da Wharton School e das universidades de Cambridge, de Melbourne, de Oxford, de São Paulo e da Califórnia.

Além do ex-primeiro-ministro português, a comissão é copresidida por Malcolm Turnbull, primeiro-ministro da Austrália entre 2015 e 2018, e inclui ainda um grupo de comissários, entre os quais William Hague, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido; Leif Johansson, "chairman" da AstraZeneca; Chen Chien-jen, vice-presidente da China entre 2016 e 2020 e Alexander Stubb, ex-primeiro-ministro da Finlândia.

As conclusões do trabalho da comissão serão apresentadas no terceiro trimestre de 2021 aos decisores do G20, referiu José Manuel Durão Barroso, ao adiantar que já foram desenvolvidos contactos informais com a presidência italiana dessa organização.

O objetivo da comissão passa por, "retirando lições da crise de saúde pública que atingiu o mundo, restabelecer o funcionamento das cidades e dos países em termos que garantam a resiliência da sociedade e da economia", construindo sistemas de saúde "mais capazes de se adaptarem a situações tão difíceis" como a pandemia da covid-19, salientou.

"A verdade é que, em geral, os nossos países não estavam preparados para este tipo de desafios. Mesmo países que são dos mais ricos e desenvolvidos do mundo, podemos dizer que falharam na resposta à pandemia, que não estavam suficientemente preparados", disse Durão Barroso, ao considerar ser "importante que agora se retirem lições para que não se voltem a cometer os mesmos erros".

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, que iniciará funções à frente da GAVI em janeiro, a intenção desta comissão é apresentar recomendações práticas, como resultado de um "esforço global" de um conjunto de economistas, de profissionais de saúde pública e personalidades com experiência de governação.

"Há hoje uma abertura e uma consciencialização maior do que alguma vez houve para considerar estas questões", disse à Lusa José Manuel Durão Barroso, para quem esta é a "altura ideal para que se dê, com método e rigor e não apenas como reação imediatista, atenção suficiente no sentido de serem revistas as políticas públicas".

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,6 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 5.815 em Portugal.

As medidas para combater a covid-19 paralisaram setores inteiros da economia mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a pandemia reverterá os progressos feitos desde os anos 1990, em termos de pobreza, e aumentará a desigualdade.

O FMI prevê uma queda da economia mundial de 4,4% em 2020, com uma contração de 4,3% nos Estados Unidos e de 5,3% no Japão, enquanto a China deverá crescer 1,9%.

Para 2021, a organização com sede em Washington antecipa um crescimento da economia mundial de 5,2%, face a 2020.

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