Enfermeiros e médicos a favor da testagem quinzenal
Sindicatos concordam com a medida do SESARAM e recordam que protege profissionais de saúde e doentes
O Sindicato dos Enfermeiros da Madeira e o Sindicato Independente dos Médicos entendem que a decisão do SESARAM (Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira) de testar quinzenal os profissionais de saúde que estão na linha da frente da covid-19 e no Serviço de Urgência é benéfica, tanto para o utente, como para o profissional e são a favor da nova medida. A notícia faz manchete hoje na edição do DIÁRIO.
Profissionais da Urgência e áreas COVID serão testados regularmente
Notícia em destaque na edição impressa de hoje do DIÁRIO
Ana Luísa Correia , 11 Dezembro 2020 - 07:00
Márcia Ornelas, do Sindicato dos Enfermeiros, entende que faz sentido esta abordagem, atendendo ao facto de já ter havido propagação do vírus em meio hospital, o caso da utente que foi diagnosticada com covid-19 no Hospital dos Marmeleiros e que feitos os estudos epidemiológicos foi concluído que havia mais pessoas infectadas, nomeadamente profissionais de saúde. “Acaba por ser uma mais-valia para os profissionais de saúde, não só para benefício próprio, mas também para benefício do próprio utente”, recordou, alertando que os médicos e enfermeiros podem estar positivos e assintomáticos, e porque não têm sintomas vão continuar a exercer as suis funções. “É também para proteger o utente para que não haja depois estas cadeias todas.” A enfermeira espera que a médio prazo a medida traga benefícios.
Márcia Ornelas compreende o desconforto dos testes, e tem consciência de que muitos colegas enfermeiros não vão gostar de ter de realizar o teste de despiste da covid-19 de 15 em 15 dias, há pessoas que toleram mais o procedimento, outras menos. “Vai haver sempre um descontentamento. Mas se formos a avaliar a nossa realidade, em que os números estão a crescer diariamente a olhos nus, isso é uma medida que vai ser benéfica tanto para os utentes como para os profissionais, a ver se conseguimos que a propagação não continue a esta velocidade que estamos a ver diariamente”, disse.
Quem também alinha pela testagem quinzenal é o Sindicato Independente dos Médicos. Testar é sempre positivo, declara a médica Lídia Ferreira. “Temos que saber quem está e quem não está contaminado para se conseguir controlar os focos, até para protecção dos próprios profissionais”, sublinhou. A presidente do SIM pede que estas medidas de combate à covid-19 sejam acompanhadas de estratégias, nomeadamente sobre o que acontece depois a estes profissionais que testam positivo. “O que vai acontecer em termos de remuneração ao profissional? Qual o plano estratégico que vão adoptar? Isso é muito importante”, exemplifica.
A médica sabe que as medidas vão sendo tomadas a par e passo consoante a evolução da doença, o que não invalida que os esclarecimentos sejam prestados pelas autoridades. “Estas medidas devem vir acompanhadas de outras informações para as pessoas saberem e ficarem também mais em paz”.
“A testagem é um aborrecimento, mas eu pessoalmente concordo. Nós temos de proteger os profissionais de saúde (…), até para proteger os doentes”. E recorda que apesar de todos os cuidados, “mesmo assim há falhas”.
Lídia Ferreira elogia o trabalho que vem sendo feito até agora. “Vê-se que está a haver um empenho e vê-se que está a haver uma atenção, e que está a ser adoptada uma atitude de uma estratégia a para e passo, a tentar sempre conquistar, a correr e a ir respondendo, para tentar dar respostas que antecipem alguns problemas”. E diz que é preciso confiar nas estruturas. “Não é que não sejamos críticos, mas temos de confiar que as coisas estão a ser pensadas como deve ser, que as coisas estão a ser introduzidas e analisadas e à medida que todo este processo decorre vão havendo ajustes.”
Alargando a análise, discorda sim da diferenciação da atribuição do subsídio de risco apenas aos profissionais que estão na linha da frente da covid-19, pois entende que os outros profissionais estão também em risco, até acrescido, pois ao atenderem utentes podem contactar com casos de covid-19 antes mesmo de serem diagnosticados e com menor protecção do que os que estão na linha da frente e estão preparados e equipados para esses casos positivos. “Estão a lidar com toda uma população que em qualquer momento estão sujeitos e não sabem”, alertou.