Madeira "tem de estar" no centro da investigação climatológica e oceânica
Ideia foi defendida por António Costa Silva, orador convidado da 31.ª edição das '500 Maiores'
O orador convidado desta 31.ª edição das ‘500 Maiores Empresas’, António Costa Silva, indicou que a Madeira tem de estar no centro da investigação climatológica e oceânica, lamentando que o país tenha virado costas ao mar.
Com o foco na questão geopolítica, corroborando na tese partilhada momentos antes por Miguel Albuquerque, o autor do Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 criticou o facto de termos passado “décadas a ignorar a nossa dimensão marítima”.
Os Açores e Madeira são dos sítios mais indicados para estudar esta interacção entre o oceano e a atmosfera, entre a terra e o ar. A descoberta destes mecanismos é algo que vale biliões e biliões de dólares. António Costa Silva
Para António Costa Silva, as regiões ultraperiféricas do Oceano Atlântico, onde se inclui a Madeira, “têm que agir e atrair consórcios internacionais, lançando um grande programa de investigação científica”.
À parte desta questão, onde o professor defende um investimento na área científica do polo universitário da Região, a Madeira poderá também se tornar “num dos grandes hubs portuários para a ligação ao Norte de África, nestes trajectos que se fazem no Oceano Atlântico”. E recordou que “90% do comércio no Mundo faz-se pelo mar”.
Se olharmos para o que se passa na Madeira temos hipóteses de subverter esta trajectória e olhar de outra forma o futuro: apostando em sectores vitais, desde logo, o das ciências da saúde. Se tivermos políticas públicas sábias seremos capazes de criar um 'cluster' das indústrias de saúde, em articulação com as Regiões Autónomas. António Costa Silva
Para além deste reforço, o orador convidado relembrou que a Madeira "tem o seu polo universitário que deve ser reforçado nesta fase à semelhança de outros do resto do país, mas num contexto diferente". E porquê? "Porque estamos a investir cerca de 1.4% do PIB em Ciência e Tecnologia" o que "é muito pouco".
"Portugal tem nas suas ilhas uma oportunidade que ainda não aproveitou"
Na sua intervenção a propósito do evento das '500 Maiores', o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou que "Portugal tem nas suas ilhas uma oportunidade, que no contexto democrático ainda não aproveitou", defendendo uma "política atlântica".
Miguel Albuquerque "colocou o dedo na ferida"
"Miguel Albuquerque colocou o dedo na ferida", aproveitou para dizer António Costa Silva a propósito da intervenção do presidente do Governo Regional. "É uma vergonha nacional. Como é que nos últimos 20 a 25 anos o país não consegue crescer. O país está estagnado", acrescentou.
Onde é que falhamos? Falhamos nas competências institucionais e na continuidade das políticas públicas. Falhamos na qualidade da gestão, que tem de ser melhorada, e todos os apoios públicos que forem prestados à digitalização das empresas terão de estar condicionados às equipas de gestão para que refresquem a sua própria gestão e marketing. Somos maus no marketing. Fabricamos os produtos, mas depois não os conseguimos vender. Somos o país que inventou a Via Verde e que foi incapaz de registar a patente da Via Verde. António Costa Silva
Cerca de 70% das 500 maiores empresas da Madeira têm nível de resiliência elevado
É uma mensagem de optimismo veiculada por Rodrigo Faria, da Informa D&B. Cerca de 70% das 500 maiores empresas da Madeira têm um nível de resiliência elevado ou médio-alto, o que "é um número bastante optimista e muito positivo, porque compara com cerca de 40% de todo o tecido económico nacional".
Para dar a volta temos então “de subir nas cadeias de valor e internacionalizar os nossos produtos”. Dinamizar as nossas competências institucionais, apostar no marketing de ligação da engenharia ao design, internacionalizar os produtos e potenciar as cadeias de valor são “fundamentais” para “um salto apreciável em termos de futuro” visto que “a riqueza de um país está ligada à capacidade da sua economia se diversificar”.