Santa Cruz lança programa de emprego para enfrentar "pandemia social"
A Câmara Municipal de Santa Cruz vai lançar um programa de Formação e Emprego na próxima reunião camarária, direccionado sobretudo para empregados de longa duração e jovens, revelou ao DIÁRIO, esta manhã, o presidente da autarquia: “Não é um emprego para a vida, é um programa com duração limitada e depende também da nossa capacidade de absorver recursos e pagar salários, uma vez que estes empregos serão afectos à autarquia”, explicou Filipe Sousa, a propósito da manchete do DIÁRIO desta segunda-feira, que revela que os concelhos mais afectados pelo desemprego na Região, como consequência do novo coronavírus, são o de Câmara de Lobos e o de Santa Cruz.
O desemprego, lembra o autarca, é competência do Governo Regional, mas “Santa Cruz é o segundo polo turístico da Região e é complicado”. Filipe Sousa sublinha que tendo em conta “a política de proximidade das autarquias, são as primeiras portas onde as pessoas batem”.
“Desde o início, logo em Março, tivemos noção de que ia ser uma pandemia social”, afirmou o presidente da Câmara de Santa Cruz. E foi por isso que - ainda a pandemia não tinha estalado na Madeira - a autarquia de Santa Cruz lançou de imediato dois programas: O Fundo de Emergência Social (FES, ao abrigo da lei nacional) e a oferta de cabazes alimentares: “Rapidamente percebemos que o perfil das famílias que começou a pedir estes apoios tinha-se alterado. Não eram as famílias que tradicionalmente recorriam. Percebemos que muitas pessoas estavam a perder o emprego, pessoas que nunca tinham pedido ajuda, começaram a fazê-lo. Em apenas dois meses entregamos cabazes a cerca de 700 famílias. Já o FSE é uma ajuda para pagar contas, como a da água, da luz, entre outras”.
A Câmara de Santa Cruz, sublinha Filipe Sousa, foi “das primeiras a escrever ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, a falar da necessidade de um reforço às autarquias, sabendo que vinha aí a pandemia social”, assunto sobre o qual ainda não recebeu qualquer resposta de Lisboa.
Na última reunião da Câmara de Santa Cruz, já foi aprovada a isenção de taxas e de rendas municipais, como as das esplanadas no espaço público ou a taxa turística, “uma vez que não faz sentido cobrá-las quando as empresas estão a lutar para sobreviver”. Recorde-se que esta isenção foi lançada no início da pandemia ao abrigo da lei nacional, isenção essa que termina em Dezembro. A autarquia de Santa Cruz decidiu então não cobrar estas taxas durante todo o ano de 2021.
E o Fundo de Emergência Social, que foi lançado em Março de forma extraordinária, vai ser reaberto, bem como a oferta de cabazes alimentares – não só para a época natalícia, mas para uma altura em que tudo indica que a pandemia chegou à Região para ficar.
Câmara de Lobos e Santa Cruz sofrem mais com o desemprego
Até Setembro deste ano são os concelhos da Madeira mais afectados pela perda de postos de trabalho durante a pandemia
Rúben Santos , 09 Novembro 2020 - 07:00