Novembro Azul
Estamos uma vez mais no Novembro Azul dedicado às acções relacionadas com a saúde do homem; por nos encontrarmos num período difícil da pandemia devemos relembrar a prevenção do cancro da próstata e do testículo.
Aproveitamos para lembrar que o cancro da próstata ocupa o 3º lugar em termos de mortalidade nos homens em Portugal. Atinge anualmente cerca de 6.600 portugueses e cerca de 1.900 acabam por morrer. É uma patologia silenciosa que não dá sintomas nas fases iniciais e não se pode estar à espera que os primeiros sintomas apareçam para consultar um médico assistente ou um urologista.
Quando diagnosticado precocemente, o cancro da próstata tem uma taxa de cura que ronda os 85%.
Se um indivíduo não tem casos de cancro da próstata na família, deve fazer a prevenção a partir dos 45 a 50 anos de idade. Quando há casos na família a prevenção deve começar entre os 40 e 45 anos.
A prevenção e o diagnóstico precoce fazem-se através de dois procedimentos muito simples: uma análise sanguínea com determinação do PSA (antigénio prostático específico) e o exame do toque rectal. O PSA não diagnostica o cancro da próstata mas selecciona a população de risco a partir de determinado valor (4 ng/ml). Sabemos que a probabilidade de existir um cancro é maior quanto mais elevado for o valor do PSA. A análise deste valor conjugada com o exame do toque rectal e com a realização da biópsia prostática obtêm o diagnóstico. Complementado pela ecografia e ressonância magnética.
Admitimos que os homens têm alguns preconceitos em consultar o médico urologista com receio do exame rectal (palpação através do recto que permite verificar o tamanho, a consistência, a eventual presença de nódulos).
Sendo um dos motivos que os faz adiar a consulta e atrasar o diagnóstico precoce. Embora nos últimos anos, são cada vez mais aqueles que encorajados pelas companheiras acabam por procurar ajuda especializada.
O diagnóstico precoce consiste na identificação dos doentes numa fase em que não existem sintomas e a doença é potencialmente curável. Quanto mais cedo for realizado melhor será o resultado do tratamento e o prognóstico (evolução).
Na Madeira, a doença atinge anualmente em média 130 novos casos por 100.000 habitantes. Essa é uma das mais fortes razões para a recomendação de um diagnóstico muito cedo. Aliás com o envelhecimento da população e a melhoria dos cuidados de saúde, a incidência tem vindo a aumentar, estando o Serviço de Urologia devidamente equipado para o tratamento e acompanhamento da doença.
O tratamento para o cancro da próstata, existem várias opções terapêuticas, consoante o doente e a fase da doença (localizada ou já disseminada). A cirurgia nomeadamente a prostatectomia radical é o tratamento de eleição, nos casos de doença localizada. Como complicações pós operatórias podem surgir disfunção eréctil e incontinência urinária mas são recuperáveis em boa parte dos casos com os tratamentos actualmente disponíveis e adequados.
A Radioterapia externa constitui uma opção para os doentes com limitações operatórias, têm efeitos secundários semelhantes aos da prostatectomia radical mas de aparecimento progressivo. A Braquiterapia Prostática, técnica mais recente de Radioterapia consiste na implantação de sementes radioactivas directamente na próstata sob controlo ecográfico. É usado em casos especiais nos doentes com tumores de baixa agressividade. As complicações, embora pouco frequentes, são semelhantes e também de aparecimento gradual. No caso de doença disseminada, poderá recorrer-se à terapêutica hormonal (bloqueio androgénico completo, podendo passar pela castração). A quimioterapia está reservada para os casos avançados.
De salientar que o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais para uma maior eficácia terapêutica e eventual cura.
A manutenção de hábitos de vida saudáveis, nomeadamente uma dieta rica em frutas, leguminosas, cereais e com menos gordura, principalmente de origem animal, ajuda a diminuir o risco de cancro assim como o exercício físico diário, pelo menos 30 minutos, o combate a obesidade e a diminuição do consumo do álcool e não fumar.
Quanto ao cancro do testículo é muito menos prevalente do que o da próstata, atinge principalmente entre os 15 e os 40 anos de idade com uma incidência de 5 casos por 100.000 habitante (por ano).
Salientamos a importância de uma educação em saúde para a população, nomeadamente em adolescentes, jovens do sexo masculino, alertando para a necessidade do auto exame testicular, procurando a presença de nódulos, endurações (inchaços) que podem ser ou não acompanhados de dor, permitindo desta maneira, com a ida ao médico assistente ou urologista, o diagnóstico e um tratamento precoces.
Actualmente o cancro do testículo é considerado um dos cancros mais curáveis quando diagnosticado precocemente com curas da ordem dos 90 a 95%.
A necessidade dum bom apoio familiar é fundamental pelo impacto psicológico que estes tumores exercem sobre os doentes.
Se o diagnóstico e tratamento precoces não forem realizados, a taxa de mortalidade aumenta consideravelmente causando um grande impacto económico nos custos da saúde.
Este ano, a Liga Portuguesa Contra o Cancro em colaboração com o Serviço de Urologia do SESARAM, estará a sensibilizar a população para o Cancro do Homem com a realização de uma Palestra (Webinar) “Vamos Falar sobre Cancro da Próstata”, amanhã 9 Novembro pelas 18h30, na Sala de Conferência do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Os interessados deverão aceder ao site do sesaram – www.sesaram.pt para terem acesso ao link de visualização. Este ano, devido à pandemia, a “Corrida dos Homens” será virtual e o Núcleo Regional da Liga Contra o Cancro da RAM disponibilizará o link para o efeito, contando com o apoio da Associação de Atletismo da RAM.