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Campanhas eleitorais nos EUA custaram mais do dobro de 2016

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Os candidatos nas eleições dos EUA gastaram quase 12 mil milhões de euros, na corrida à presidência e aos lugares do Congresso, duplicando o valor das campanhas de 2016, segundo um estudo independente.

Cerca de 14 mil milhões de dólares (quase 12 mil milhões de euros) foi o custo das várias campanhas de 2020, sendo praticamente o dobro do dinheiro gasto nas eleições de 2016 e mais do triplo das campanhas em 2000, de acordo com um estudo do Centre for Responsive Politics, um instituto independente de análise de gastos eleitorais.

A explicação para o aumento de gastos, segundo este instituto, pode estar na forma como os candidatos anteciparam disputas eleitorais muito renhidas, obrigando a um investimento adicional em meios humanos e materiais para as campanhas.

Contudo, esse esforço nem sempre compensou, como aconteceu com o candidato democrata ao senado Jaime Harrison, que acabou derrotado pelo republicano Lindsey Graham, mesmo depois de ter gasto cerca de 100 milhões de euros, muito mais do que o seu adversário.

O mesmo aconteceu com a democrata Amy McGrath, com quem os democratas contavam para ajudar a conquistar o senado, que gastou quase 80 milhões de euros, sem ter conseguido ser eleita.

Do lado republicano, também houve perdas significativas, como a aposta (perdida) de cerca de 10 milhões de euros, recolhidos a partir de doações de todo o país, para tentar evitar a reeleição para a Câmara de Representantes da democrata Alexandria Ocasio-Cortez, uma jovem estrela em ascensão no seu partido e a personificação da "ameaça socialista", segundo o ponto de vista dos conservadores.

"Quando se está num estado profundamente democrata, as hipóteses de um candidato republicano são próximas de zero", explica Karl Evers-Hillstrom, investigador do Centre for Responsive Politics.

A explicação para o aumento de gastos pode estar ligado com a forte polarização política, durante esta campanha eleitoral.

Michael Malbin, professor de Ciência Política da Universidade de Nova Iorque (SUNY), diz que a "motivação" é um dos elementos essenciais para qualquer pessoa que contribui com dinheiro para uma campanha, tendo havido muita "motivação" nestas eleições, em que Trump suscitou elevados níveis de amor e de ódio.

O Centre for Responsive Politics revela ainda que há uma forte concentração destes elevados valores de investimento, com 90% das campanhas subfinanciadas.

Contudo, a tendência será para aumentar os níveis de investimento em campanhas, sobretudo graças à simplificação de meios para fazer donativos.

"Tornou-se incrivelmente fácil fazer donativos. É uma espécie de política 'Amazon'", explica Malbin, referindo-se aos modelos de transferência de dinheiro através de plataformas eletrónicas na Internet.

"Se continuarmos a manter a política polarizada e com esta facilidade de pagamentos, o investimento em campanhas eleitorais vai continuar nos próximos anos", conclui o professor de Ciência Política.

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