Madeira

Opções contestáveis

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Boa noite!

. Ao contrário do que era esperado as deliberações do Conselho de Governo de hoje, não só repetem os descuidos da véspera, como não dissipam todas as dúvidas. Nem vou repetir as que aqui deixei ontem. Mas voltando aos estudantes “que devem efectuar o segundo teste PCR de despiste de infeção por SARS-CoV-2 entre o quinto e o sétimo dias após o desembarque, devendo permanecer em isolamento no respectivo domicílio até à realização do segundo teste e obtenção do resultado negativo do mesmo”, dada a esperteza superior, como é que o controlo será feito à chegada? A olho? Pela tarifa ‘obscena’ da viagem entre o continente e a Região? Apenas aos participantes do programa ‘Estudante Insular’? Convém explicar. Aliás a obrigatoriedade do segundo teste já vigora há alguns dias e era interessante saber quantos já foram feitos e quais os resultados.

. A partir de amanhã, os bares e similares têm obrigatoriamente de encerrar até às 24h, ao passo que os restaurantes vão encerrar até às 23h. Qual é o critério que leva o Governo a dar mais tempo a quem quer beber do que a comer? Já agora as ‘patuscas’ paralelas têm hora para acabar?

. A Madeira deu parecer favorável ao Decreto do Presidente da República que declara o Estado de Emergência para todo o território nacional. Para que conste Assembleia e Governo acham bem a proibição de circulação na via pública durante determinados períodos do dia ou determinados dias da semana, princípio que abre a porta ao recolher obrigatório e também aos confinamentos localizados. Sobre esta matéria, aconselho a leitura do editorial assinado pelo Manuel Carvalho no ‘Público’ e em particular esta passagem: “As leis, mesmo na pandemia, têm de ser ‘necessárias e proporcionais’. Proibir passeios à beira-mar depois da meia-noite não é uma coisa nem outra, é um abuso, que se arrisca a contaminar com estupidez um conjunto de medidas necessárias e proporcionais”.

. O governo assegurou ontem que a Polícia de Segurança Pública, a Guarda Nacional Republicana e a ARAE - Autoridade Regional das Actividade Económicas vão reforçar a fiscalização e a concretização das medidas que visam evitar ajuntamentos e assim travar o cescente número de casos positivos de Covid-19.

Faltou dizer como, quem faz o quê e com que moldura legal. Mas também faltou bom senso. Logo no dia em que ARAE é chamada a mostrar as garras, o que faz o presidente do governo? Empata a rapaziada a cargo do Inspector Rosa.  Miguel Albuquerque visita esta sexta-feira pelas 10 horas a sede da Autoridade Regional das Actividades Económicas e tem que estar toda a gente… na Rua Direita!

. Os mais atentos aos negócios da noite detectaram brechas nas medidas apresentadas pelo executivo madeirense para travar a pandemia, omissas quanto à regulamentação e fiscalização dos clubes nocturnos. Foi por pudor ou por equiparação a ‘similares’?

.  Várias vozes criticaram o executivo madeirense nos últimos dois dias por anunciar medidas sem auscultar previamente parceiros sociais, partidos e entidades que dada a sua representatividade podiam trazer valor acrescentado e maior ponderação às opções já tornadas públicas. Afinal a luta é colectiva e quantos mais estiverem envolvidos melhor é a eficácia. Não custava nada, mas a resposta confirma a piores das suspeitas: “Há tempo de ouvir e tempo de decidir. O que se passa é que há gente que passa o tempo a ouvir e não tem a coragem de decidir”, assegurou hoje Miguel Albuquerque.

. Pode até nem ver com o caso mas é reconfortante ir ao Twitter de Trump e ler sistematicamente esta mensagem colocada pelos administradores da rede social: “Alguns ou todos os conteúdos compartilhados neste Tweet são contestáveis e podem ter informações incorretas sobre como participar de uma eleição ou de outro processo cívico”!

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