Madeirense surfou onda de 11 metros no Jardim do Mar
Surfista consultou oceanógrafo Douglas Nemes para medir a onda que surfou há uma semana
Madeira começa a entrar cada vez mais na rota dos surfistas que 'arriscam' deslizar com as suas pranchas em imponentes ondas. Restrições à prática em Bali, Havai e agora na Nazaré podem trazer mais praticantes à Região
A época de ondas gigantes abriu oficialmente na passada quinta-feira, dia em que o madeirense Orlando Pereira surfou uma onda de 11 metros, na freguesia do Jardim do Mar. A vaga foi medida pelo oceanógrafo Douglas Nemes com recurso à fotografia captada no preciso momento em que Orlando começou a deslizar na monumental onda.
Habituado a medir ondas na Nazaré, este especialista com PhD em engenharia costeira garantiu que a medição foi feita com a estimativa do valor de altura de quebra da onda. A qualidade da foto estava "muito boa", o que por si só "aumentou a acurácia da medida".
Ora, de prancha na mão desde os seus 14 anos, Orlando Pereira explicou que há precisamente uma semana deparou-se com ondas "enormes" no Jardim do Mar e arriscou entrar. "Fiquei impressionado. Às vezes, estamos ali no mar e a onda parece-nos enorme, mas não temos a percepção da altura", garante, recordando o tal dia em que só conseguiu apanhar três ondas, uma delas com 11 metros.
A minha prancha era muito pequena para o tamanho das ondas (...) Depois de sair da água muita gente disse-me que a onda que eu apanhei foi uma das maiores do dia. Orlando Pereira, surfista
Habituado a vislumbrar as imponentes ondas da Nazaré, Orlando explica que a diferença entre a Madeira e o continente português para a prática da modalidade reside desde logo num 'handicap' óbvio: são escassas as praias de areia cá na ilha. Por isso, a chegada de surfistas à Região não se cinge àqueles que começaram, há questão de pouco tempo, a se colocarem em cima de uma prancha.
"Os surfistas que vêm à Madeira são aqueles que já se encontram num nível intermédio ou avançado. Já reagem à curvatura das próprias ondas e a Madeira é um dos sítios que está na agenda de vários surfistas", garante Orlando Pereira, explicando que este ano, "devido à pandemia e a outros sítios que estão 'fechados', como Bali ou Havai", a Região acaba por figurar no lote de primeiras escolhas dos praticantes. E até a proibição de surf na Praia do Norte poderá beneficiar o arquipélago.
A Madeira está próxima da Europa. Tem uma qualidade de ondas maravilhosa, não tem 'crowd' - o que é um factor muito importante -, a água está sempre a uma temperatura excelente e, por isso, não é preciso usar um fato desconfortável. Este ano tem sido uma loucura enorme. Há imensos surfistas cá na Madeira. Não me recordo de um ano assim tão bom em termos de procura. E provavelmente a ilha será ainda mais procurada pelos surfistas de ondas grandes, porque foi proibida a prática na Nazaré. Orlando Pereira, surfista
O surfista madeirense de 40 anos salienta ainda que os campeões do Mundo de ondas gigantes escolhem habitualmente a Madeira para treinar - como é o caso de Grant 'Twiggy' Baker - isto porque as ondas que banham a Pérola do Atlântico "não fogem muito daquelas que encontram na Nazaré ou no Havai".
Por fim, Orlando Pereira quis deixar a mensagem de que a Madeira "é um destino com ondas perfeitas" e que este é o momento certo para "aproveitar este mercado", ainda para mais em duas freguesias (Paul do Mar e Jardim do Mar) que se encontram "limitadas" pelo encerramento da estrada, mas que têm "muito para oferecer".
"Este mercado do surf veio alavancar os pequenos negócios que se encontravam numa situação difícil. A época do surf, durante o Inverno, dura entre Outubro e Abril, e será uma vantagem para todos nos próximos meses, sobretudo depois do encerramento de uma das vias de acesso a esta parte da Costa", concluiu.