Madeira

Pela medida grande

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Boa noite!

Todos concordamos que, face ao aumento do número de infectados com Covid-19 na Região, importa haver firmeza na tomada de decisões, de modo a que não haja surto e catástrofe.

Todos concordamos que há atitudes abusivas e desobediência reiterada num momento que exige responsabilidade e bom senso. E nesse capítulo, o denunciado “comportamento negligente” está longe de ser um exclusivo dos nossos mais novos.

Todos concordamos que nesta fase de luta em nome da saúde colectiva importa respeitar opções, mesmo que questionáveis e nem sempre bem explicadas e sustentadas.

O governo madeirense decretou hoje 17 medidas que não sendo transversais, porque muito focadas nos activos e dinâmicos, irreverentes e mais fáceis de diabolizar, levantam questões de diversa ordem, motivam algumas contestações e suscitam reparos.

Ficou mais uma vez comprovado que o executivo liderado por Miguel Albuquerque nem sempre decide de forma coerente, nem tem em conta as diversas equações. Os descuidos voltaram a verificar-se hoje, mas como as resoluções só são deliberadas amanhã, porventura ainda é possível fazer emendas.

Por exemplo, na medida relativa aos estudantes que, entretanto, regressem à Região para passar o Natal em família, ficou a saber-se que “serão testados à chegada, deverão observar o isolamento recomendado e, serão testados, posteriormente, entre o 5.º e o 7.º dia”.

Há pelo menos cinco questões que se colocam a propósito desta medida:

. O que é que difere um estudante universitário de um turista ou de um qualquer outro jovem profissional que trabalhando no continente ou no estrangeiro venha passar a quadra natalícia com a família e amigos sem ter qualquer constrangimento se trouxer teste negativo feito até 72 horas antes da viagem? Não deveriam todos ser testados em igualdade de circunstâncias?

. O governo que tanto apelou aos testes na origem desiste da ideia com esta obrigatoriedade ou, sem o assumir de forma cabal, apenas quer desincentivar o arriscado regresso dos estudantes na quadra natalícia?

. Se as medidas hoje anunciadas vão vigorar apenas por 30 dias, a partir de 6.ª feira, que cabimento tem abordar desde já o tradicional regresso dos estudantes que se fará notar com maior evidência a partir de 18 de Dezembro, logo, já 'fora do prazo' destas regras?

. Admitindo que as decisões serão prolongadas no tempo, tem o governo consciência que a determinação de isolamento até a realização do 2.º teste, entre o 5.º e o 7.º dias, significa que a ‘consoada’ em família para estes estudantes implica um regresso antes do dia 18, o que obriga a que muitos faltem às aulas?

. E onde ficam os estudantes durante sete dias nos casos em que as casas dos seus pais e familiares não garantem condições de isolamento? Há solução alternativa ou vão para os hotéis dedicados à covid-19 mesmo sem estarem infectados?

As questões não precisam de resposta. Apenas desejamos que as deliberações do Conselho do Governo desta quinta-feira não deixem margens para dúvidas.

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