Coronavírus Madeira

Turistas infectados 'pagam' entre 108 e 141 euros por dia em alojamento designado

Estabelecimentos hoteleiros ou de alojamento local deverão transferir para o IASaúde a receita referente à diária de alojamento que lhes tenha sido paga adiantadamente

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Já foi publicada a resolução do Governo Regional que estabelece as regras e, neste caso, os valores a serem deduzidos pelos turistas que sejam portadores do novo coronavírus. 

Como forma de reduzir os custos inerentes aos turistas que testaram positivo à covid-19, na chegada à Região, e que entretanto sejam deslocados para os estabelecimentos hoteleiros reservados para doentes covid-19, o executivo madeirense determinou que os estabelecimentos hoteleiros ou de alojamento local deverão transferir para o IASaúde a receita referente à diária de alojamento que lhes tenha sido paga adiantadamente - deduzindo as diárias efectivamente utilizadas - bem como a despesa de 120 euros relativa à desinfecção do alojamento para onde os 'hóspedes' serão encaminhados.

O valor a transferir tem como limite máximo o número total de diárias no estabelecimento hoteleiro reservado para doentes covid-19 e corresponde ao valor unitário de 108 euros (quarto individual) e 141 euros (quarto duplo). Esta medida aplica-se a todos os estabelecimentos hoteleiros ou de alojamento local estabelecidos no território da Região Autónoma da Madeira.

André Barreto questiona valores

O economista e administrador da Quintinha de São João, André Barreto, visou esta tarde o Governo Regional após a publicação da resolução no JORAM.

"Gostei muito do enquadramento pré-decisão da dita resolução, que pretende mitigar os custos referentes aos turistas que testaram positivo e que, por isso, são deslocados para determinados estabelecimentos hoteleiros. E gostei porque, não conhecendo os critérios relativos à escolha das ditas unidades (localização não é porque devemos ser os mais próximos do hospital e connosco ninguém falou), se afirmou que todos concordam com a decisão", começa por referir André Barreto, esclarecendo que não deu aval a tais decisões.

"Todos, ponto e vírgula! Eu não concordo mas também não tinha de concordar. Chateia-me é que quem me representa – a Mesa de Hotelaria da ACIF, que desde Março deve estar em teletrabalho e sem acesso à internet… – ao que sei não tenha estado presente numa suposta reunião que supostamente existiu e que supostamente consubstanciou a afirmação do Senhor Presidente do Governo, onde estiveram (e bem, supostamente, claro) os 'big 5', que pelo peso e relevância se representam a si próprios mas que não estão seguramente mandatados para falar em nome do sector", acusa.

Em relação à própria da resolução, nem sei por onde comece… De quem é a decisão de deslocamento dos turistas Covid seja para onde for? É minha ou das autoridades de saúde? Então e quem decide retirá-los dos hotéis ainda os obriga a pagar? Ficamos sem clientes, sem dinheiro, sem reserva, sem nada? Só espero que as unidades para onde eles vão ser instalados utilizem correctamente, nos seus CRM’s, à posteriori, dados de clientes que não são seus... André Barreto, administrador da Quintinha de São João

O hoteleiro diz que ainda está a "tentar perceber o que significa o limite máximo do total de diárias, uma vez que não se diz expressamente qual é" e assume não querer "acreditar que, perdendo uma reserva de por exemplo três noites e ficando o covidiano no tal hotel escolhido sabe Deus porquê sete noites", André Barreto tenha de pagar as sete.

"Adoro mas adoro mesmo o rigor dos valores! Quem vendeu quartos a 100€, vai pagar a terceiros 141€? E porquê 141€, atendendo a que por exemplo uma das unidades escolhidas se vendia na Booking, pré-pandemia, a 55€? Por quarto! Duplo! Agora até estaria a menos, a julgar pela percentagem de desconto que me “exigem” os meus parceiros mas isso não interessa nada", lamenta, num desabafo publicado na sua conta pessoal de Facebook.

E prosseguiu: "Também gosto do custo de 120€ por desinfecção. Tem igual rigor? Se calhar foi o valor apurado pelos nossos representantes que não têm mandato para nos representar", atirou.

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