Não despertem o vulcão adormecido

Um povo que após 46 anos ainda não soube interpretar o verdadeiro significado da liberdade. Aquilo que o 25 de Abril iniciou e o 25 de Novembro corrigiu, ainda não conseguiu ser concretizado. Para quem defende a verdade no actual modelo de democracia à portuguesa, poder-se-á dizer que é fascista, radicais, extremista, xenófobo e uma série de designações para intimidar os mais de 6 (seis) milhões de portugueses abstencionistas que á muito deixaram de acreditar neste modelo de regime que usou a liberdade para que um grupo de gente sem escrúpulos, agrupados em partidos políticos, salteadores e corruptos sequestrassem a democracia, legalizassem o roubo e institucionalizassem a corrupção com a «displicência» da (justiça) e o desinteresse dos que à margem da constituição da república deveriam ser o garante dos direitos liberdades e garantias dos cidadãos. Porque será que surgem os denominados radicais na esfera política dos países? Porque pura e simplesmente àqueles a quem lhes foi confiada a governação da nação, não cumpriram minimamente as suas tarefas, os seus deveres e muito menos as suas promessas na hora de apresentar os seus projectos aos eleitores. Ao longo deste 46 anos de suposta democracia em Portugal, foram demasiadas as situações que a diário fizeram com que os cidadãos independentes e alheios a qualquer situação da política do país, o único que fizeram foi contribuir para que mais e mais políticos desonestos usassem e abusassem do «poder» que lhes é assignado para paulatinamente roubar os cofres do estado, e a justiça adiar o mais possível uma eventual investigação, incriminação e julgamento, pois ao longo de todos estes anos seria muito difícil enumerar neste texto condicionado a um numero de caracteres, todos os casos de corrupção deste país. Os cidadãos indefesos sentem-se impotentes para protestar, revoltar e ou indignar. Se alguém aparece com um projecto que pretende o combate contra o flagelo da corrupção, o sistema cai-lhe em cima. Mas porque será que esses projectos aparecem, porque tanto medo? Quem foram ou serão os verdadeiros culpados do surgimento desta situação, não serão aqueles acusadores, que se sentem agora verdadeiramente perseguidos pelo seu próprio erro? Da mesma forma que o medo não cala os audazes, o radicalismo poderá não ser a solução, mas deverá ser o princípio para o fim de uma pandemia, calamidade, vírus, e doença crónica em que se converteu a corrupção e o roubo em Portugal. Depois não se admirem que a população se revolte e em futuros actos eleitorais vote massivamente, em «radicais», «extremistas» ou até sinta nostalgia de um novo Salazar. No tempo do dito fascismo roubavam à calada e ninguém sabia nem podia comentar, hoje rouba-se à descarada, fala-se à boca cheia, mas de nada serve pois o país continua a saque, a justiça adia os casos que o mundo inteiro comenta, e o povo continua a pagar pela sua ingenuidade convertida em ignorância, muito por falta da verdadeira cultura democrática. Portugal quer justiça, anseia que os futuros candidatos a gestores da coisa pública comecem a ter a consciência verdadeira de serviço, em vez de se servirem da governação para enriquecerem. Queremos construir o futuro destruindo um passado de autêntica indignidade e promiscuidade, restaurar a democracia, restituir a liberdade, recuperara os valores da sociedade, e reeditar a confiança na classe política que terá de renovar o seu papel de servidores da nação. Até lá a paciência e a liberdade também tem limites. A um povo calmo, sereno e tolerante, não é de bom censo testar a sua paciência, poderá converter-se num vulcão adormecido.

A. J. Ferreira

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