Madeira

"Na Venezuela se não morrem à fome, morrem de covid", diz vice-presidente da Venecom

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“Gostaria que eles ficassem cá. Arranjar trabalho é a nossa preocupação quando eles chegam à Madeira, mas está cada vez mais difícil. Não há trabalho, está tudo a fechar. Portugal terá uma crise que nem nos tempos da troika. Portugal e qualquer país, emigrar agora não é fácil”. As palavras são de Marilin Moniz, vice-presidente da Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira (VENECOM), a propósito da notícia do DIÁRIO que revela que 71  madeirenses e lusodescendentes regressam esta terça-feira à Venezuela, no quarto voo de repatriamento Lisboa-Caracas.

Marilin Moniz disse que já sabia de alguns casos de pessoas que não conseguiram emprego na Madeira, nem residência, uma dificuldade potenciada pela pandemia: “Os trabalhos já não eram fáceis, agora tornou-se tudo mais difícil. É normal que queiram regressar porque pelo menos lá têm a família, estão legalizados. Em muitos casos essa acaba por ser a decisão, apesar de a Venezuela estar mal”.

A vice-presidente da VENECOM aponta ainda que muitos emigrantes madeirenses, lusodescendentes e venezuelanos ainda têm bens no país da América do Sul: “Não vão conseguir arranjar trabalho lá, mas estão com a família, têm contactos que os podem ajudar com alimentação e medicamentos. Aqui têm de pagar renda, estão sozinhos. É uma decisão difícil, escolhem um conforto imediato, mas a longo prazo vão ter de emigrar para outro sítio. Vão esperar que a covid acabe para conseguirem emigrar para outro sítio”, acredita.

Além disso, como acontece em vários fluxos migratórios, alguns emigrantes não conseguem integrar-se nas sociedades de acolhimento: “Quando os madeirenses foram para a Venezuela, muitos também regressaram porque não se adaptaram. Mas é triste porque sabemos que eles voltam para uma situação que não é a melhor. Na Venezuela se não morrem à fome, morrem de covid", diz.

Ainda assim, compara Marilin Moniz, “não é muita gente se pensarmos nos que já vieram para a Madeira, oito mil pessoas”.

O quarto voo de repatriamento de Lisboa-Caracas parte, hoje, ao meio-dia, do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com 71 madeirenses e lusodescendentes de regresso à Venezuela.

O número foi avançado pelo director regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu, que ao DIÁRIO também explicou que muitos dos que regressam à Venezuela, são passageiros que já tinham voos marcados, entretanto cancelados devido ao encerramento do espaço aéreo venezuelano, por decisão do executivo de Nicolás Maduro. Há também casos de pessoas que estavam de férias prolongadas na Madeira e ficaram retidas na Região devido à situação pandémica. Outros regressam por motivos familiares e profissionais.

Leia mais na edição impressa do DIÁRIO desta terça-feira. 

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