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Eleitores do Rio de Janeiro 'despedem' prefeito apoiado por Bolsonaro

O actual autarca, Marcelo Crivella, foi derrotado nas urnas. FOTO YASUYOSHI CHIBA/AFP Ver Galeria
O actual autarca, Marcelo Crivella, foi derrotado nas urnas. FOTO YASUYOSHI CHIBA/AFP

O candidato do partido de centro-direita Democratas Eduardo Paes foi hoje eleito prefeito da cidade brasileira do Rio de Janeiro, pela terceira vez, com cerca de 64% dos votos, derrotando o atual autarca, Marcelo Crivella, que tinha o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

O resultado foi confirmado ao início da noite pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil, após 96,4% das urnas apuradas. Eduardo Paes (51 anos), que já foi prefeito do Rio de Janeiro por dois mandatos consecutivos, entre 2009 e 2017, numa gestão que lhe valeu várias acusações por corrupção, conseguiu manter a vantagem sob Crivella, do partido Republicanos (centro-direita), que tentava a reeleição no cargo, mas que conseguiu apenas cerca de 35,7% das preferências dos "cariocas", na segunda volta das eleições municipais.

"Quero agradecer a todos os cariocas que confiaram nas nossa propostas, de transformar esta cidade num lugar melhor. (...) Estou mais maduro, experiente e a partir de hoje vamos fazer o Rio de Janeiro dar certo. Com o nosso amor por esta cidade, podem ter a certeza de que vamos voltar a ter esperança. Esta eleição foi um não a este governo reacionário, que olhou para a cidade com muito preconceito", disse Paes no seu discurso de vitória, acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Paes é formado em direito, foi vereador (1996 a 1999) e deputado federal (1999 a 2007). Também atuou como secretário de Turismo, Desporto e Lazer do estado do Rio de Janeiro (2007 a 2008), na gestão do ex-governador Sérgio Cabral. Foi sob a sua alçada, como prefeito, que a cidade do Rio de Janeiro recebeu um evento de grande influência: a organização dos Jogos Olímpicos de 2016. Contudo, o seu percurso político foi manchado após tornar-se réu por crimes de corrupção, falsidade ideológica eleitoral e branqueamento de capitais e, em setembro, a sua casa foi alvo d busca e apreensão. Segundo o Ministério Público, Paes recebeu cerca de 10,8 milhões de reais (1,69 milhões de euros, no câmbio atual) em subornos de executivos da construtora brasileira Odebrecht entre junho e setembro de 2012. O ex-prefeito classificou a operação contra ele como uma "tentativa clara de interferência do processo eleitoral".

Entre as promessas de campanha para este novo mandato, Paes focou-se na questão da Saúde, propondo investimentos em recursos humanos para resolver os problemas sanitários. O prefeito recém-eleito prometeu ainda a contratação de milhares de profissionais da área de Saúde para atender nas unidades hospitalares públicas da região. Em relação à segurança, um dos principais problemas do Rio de Janeiro, Paes prometeu dar prioridade aos profissionais da Guarda Municipal. A proposta é qualificar os agentes e introduzir até 2022 um sistema de prémios de acordo com a produtividade e desempenho individuais.

Para Marcelo Crivella, um dos maiores derrotados da segunda volta das municipais, não foi suficiente o apoio público do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que chegou a apelar ao voto a favor do atual prefeito.  Crivella, que ao longo da campanha eleitoral procurou evidenciar os laços evangélicos e o cargo que ocupou de bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), fundada pelo tio, Edir Macedo, também não escapou a acusações de corrupção, tendo sido acusado em setembro, pelo Ministério Público, de chefiar um esquema de peculato, fraude e branqueamento de capitais.

Cerca de 38 milhões de eleitores que vivem em 57 cidades do Brasil, incluindo 18 capitais regionais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, foram hoje chamados às urnas na segunda volta das eleições autárquicas.

No Brasil há segunda volta nas autárquicas em cidades com mais de 200 mil eleitores nas quais o candidato mais votado não conseguiu superar metade dos votos válidos (cálculo que exclui votos em branco e nulos) na primeira volta, que foi disputada em 15 de novembro.

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