Detidas 42 pessoas em manifestação de viúvas e órfãos na Mauritânia
Quarenta e duas pessoas foram detidas no sábado, durante a manifestação de viúvas e órfãos de vítimas de confrontos interétnicos, do final dos anos oitenta, na Mauritânia, foi hoje denunciado pela polícia e por organizações dos direitos humanos.
"Há 42 pessoas presas, duas em Bababé (sul) e as outras em Nouakchott", disse à agência de notícias France Presse a representante do Fórum de Organizações Nacionais de Direitos Humanos (Fonad), Lalla Aicha.
Um oficial da polícia confirmou à AFP, sob condição de anonimato, as detenções, sublinhando que "a manifestação não foi autorizada".
"A nossa marcha foi pacífica, de acordo com a lei e a Constituição, que garantem a liberdade de expressão", protestou Dia Alassane, co-organizadora da marcha, acrescentado que as pessoas queriam "expressar o seu luto e reivindicar os direitos à justiça e à reparação".
Os manifestantes também exigiram a anulação da lei de amnistia, aprovada em 1993.
"Temos de acabar com a impunidade e permitir que os mauritanos se reúnam e reflitam sobre como viver juntos", disse Dia Alassane.
Entre 1989 e 1991, dezenas de milhares de negros mauritanos tiveram de fugir ou foram expulsos de seu país, após um surto de violência interétnica, sob o regime do ex-presidente Maaaouiya Ould Taya (1984-2005), tendo-se refugiado nos vizinhos Senegal e Mali.
Acusados de tentativa de golpe de estado, 28 soldados negros africanos foram executados por enforcamento em 28 de novembro de 1990, trigésimo aniversário da independência.
As pessoas detidas no sábado marcharam para os homenagear.
A Mauritânia, um vasto país desértico na encruzilhada entre o Magrebe e a África Subsariana, é habitada por três milhões de pessoas de várias origens, como mouros brancos e negros, negros com raízes na África Subsaariana.