"Trapalhadas"
Boa noite!
O PSD-M foi hoje alvo de chacota nacional num episódio degradante e com prováveis consequências reputacionais. Tudo porque os seus três deputados na Assembleia da República deram o dito por não dito em poucos segundos, num exercício de contorcionismo sem precedentes que levou o presidente da Assembleia da República a criticar as “trapalhadas” insulares em matéria tão séria.
Ainda no período de votações na especialidade do Orçamento do Estado, e num primeiro momento, os parlamentares social-democratas madeirenses votaram, ao lado do PS, contra uma proposta de alteração para anular a transferência de 476 milhões de euros do Fundo da Resolução destinada ao Novo Banco. A proposta, que teve os votos favoráveis do PSD, foi dada como rejeitada. Contudo, instantes depois, a deputada Sara Madruga da Costa pediu "só um momento" enquanto falava ao telefone e informou em seguida a mesa que os três deputados eleitos pelo PSD da Madeira mudavam o sentido de voto e em consonância com a direcção do grupo parlamentar foram favoráveis ao fim da injecção de capital no Novo Banco
Questionado pelos jornalistas sobre a mudança de voto do trio madeirense – Sara Madruga da Costa e Paulo Neves estavam presentes no hemiciclo e ao que apuramos Sérgio Marques seguia as votações por via digital -, o presidente do PSD, Rui Rio, disse não fazer "a mínima ideia" das razões que motivaram este comportamento, até porque não estava nesse momento no plenário. Mas deixou claro que havia disciplina de voto. Que o PSD-M cumpriu, só à segunda.
A barracada não ficaria por aqui já que o líder do PSD-M entra no episódio, já a meio da tarde, ao escrever um comunicado em que enaltece os mesmos deputados, garantindo que continuarão a tomar "todas as posições políticas que se imponham", em função da avaliação política "em cada momento". E pelos vistos, esse critério tem variações repentinas, pois em segundos mudam de opinião ou a tal são forçados. Sim porque, segundo toda a gente ouviu, os parlamentares fizeram questão de marcar presença no plenário por discordarem da orientação do resto da bancada social-democrata.
O que Miguel Albuquerque não refere é a razão para a mudança ‘in extremis’ do sentido de voto dos deputados madeirenses. Apenas assume que este tipo de posturas por parte dos parlamentares eleitos pelo PSD-Madeira "confirmam o único compromisso dos nossos eleitos: o de colocar a Madeira em primeiro lugar”.
Resta saber que Madeira é colocada em primeiro lugar com estas “trapalhadas”. Se a real, que definha por falta de medidas que cheguem de facto à economia em agonia e à sociedade à beira do colapso, se a ficcionada, perdida em contenciosos sem nexo e em insultos mediáticos.
Para quem anda o tempo todo de mão estendida, de pouco valem a arrogância e a aversão ao diálogo, posturas que comprometem os mais elementares e inegociáveis direitos pelos quais todos deviam lutar.
Exigia-se aos eleitos humildade e transparência. Se a 'birra' que deu gozo foi motivada pelo desejo de ter assinatura própria na prorrogação dos benefícios fiscais do CINM - matéria que o PS já garantiu há duas semanas ser tratada e aprovada em Dezembro, logo a tempo de não causar danos ao importante instrumento de desenvolvimento da Região - devia ter sido logo assumida. Até porque há outros compromissos locais que podiam surgir de imediato na praça pública.
Para já, o que se sabe é que está agendado para 10 de Dezembro, um projecto-lei a autoria dos deputados eleitos pelo PSD-M que quer prolongar o período de admissão de novas entidades à Zona Franca da Madeira até 31 de Dezembro de 2023! E assim tudo fica bem mais claro nesta "trapalhada" dispensável.