Dezenas de mulheres protestaram na Venezuela contra o aumento da violência
Dezenas de mulheres protestaram hoje em Caracas, para denunciar o aumento da violência e assédio durante a quarentena da covid-19 e que quase 200 mulheres foram assassinadas este ano na Venezuela.
O protesto teve lugar junto da sede do Ministério de Relações Interiores e Justiça e Paz, e foi promovido pela organização não-governamental (ONG) Articulação Feminista da Venezuela.
"Até hoje, foram assassinadas aproximadamente 200 companheiras pelos seus companheiros ou ex-companheiros" explicou a porta-voz daquela ONG aos jornalistas.
Segundo Nerlinyer Briceño "tanto a violência como o assédio se intensificaram durante a pandemia [da covid-19], porque muitas mulheres têm que viver com o agressor, sem ter outro espaço ou lugar onde acudir".
Por outro lado, explicou que apesar das denúncias e da criação de várias mesas de trabalho com as autoridades, entre elas com o Supremo Tribunal de Justiça e a Assembleia Constituinte, os assassinatos de mulheres continuam a aumentar no país.
"Não recebemos respostas eficazes às denúncias que se realizaram durante a pandemia. É sempre a mesma coisa, são sempre as mesmas ações. Tentam conciliar que a vítima se reconcilie com o agressor e que regresse a esse círculo de violência e essa não são as respostas que deveriam dar os órgãos competentes", frisou.
Durante o protesto foram exibidos cartazes com mensagens como "nem uma mais" e cantaroladas canções denunciando que "hoje, às mulheres, nos tiram a calma, nos semearam o medo e não fizeram nada".
Duas representantes da ONU foram recebidas por uma funcionária do Ministério do Interior e Justiça da Venezuela, a quem entregaram um documento com as denúncias.
Segundo a imprensa venezuelana, entre janeiro e setembro de 2020 pelo menos "195 mulheres foram assassinadas, em média 5 cada semana", na Venezuela.