Madeira

Filho de Aragão desiste de vender acervo do pai à Região

Marcos Aragão Correia colocou o lote à venda para quem quiser comprar, depois de frustrados os negócios com a Câmara Municipal do Funchal e com o Governo Regional

Marcos Aragão Correia encontrou obstáculos nas duas tentativas de vender a colecção do pai à CMF e ao Governo.
Marcos Aragão Correia encontrou obstáculos nas duas tentativas de vender a colecção do pai à CMF e ao Governo., Foto Arquivo

Marcos Aragão Correia revelou ontem à noite que vai colocar à venda para o público em geral as obras de António Aragão que inicialmente seriam adquiridas pela Câmara Municipal do Funchal e depois pela Região, em dois negócios que foram inviabilizados pela existência de impedimentos legais. “Em consequência, e dada a impossibilidade de concluir a adjudicação à Região Autónoma da Madeira, informa-se o público em geral que o espólio artístico dum dos maiores nomes da arte e da cultura contemporâneas, António Aragão, encontra-se à venda a todos aqueles que demonstrarem interesse e compromisso em honrar e proteger este valioso património cultural da Madeira e de Portugal”, anuncia o herdeiro.

A venda do acervo de António Aragão, falecido em 2008, esteve primeiro a ser negociada com a Câmara Municipal do Funchal, que se tinha comprometido a adquirir parte do conjunto por 166 mil euros. No entanto, segundo argumentou a autarquia, a existência de irregularidades com a leiloeira que intermediou o negócio, com quem tinha sido celebrado o acordo de compra, acabou por levar à resolução do contrato em Junho de 2017, tendo na altura a Câmara colocado à disposição da mesma os objectos já em sua posse. Frustrado este negócio, no ano passado a Região mostrou interesse em adquirir o conjunto, dada a relevância do artista plástico em causa, um dos nomes maiores da poesia experimental portuguesa, com obra também na história, etnografia e na pintura. No entanto, este negócio acabou igualmente por não correr bem, pois o Ministério da Justiça emitiu uma declaração de contumácia em 2019 que impede o filho e único herdeiro de vender seja o que for a entidades públicas em Portugal, incluindo ao Governo Regional, e que levou à suspensão da aquisição pública.

O herdeiro ainda anunciou a doação do conjunto ao museu M HKA - Museum of Contemporary Art of Antwerp, mas como agora está à venda, esta cedência também não terá sido concretizada.

O conjunto é formado por com quadros, esculturas, documentos e desenhos, próprios ou da sua colecção particular. As pessoas interessadas em adquirir as obras devem contactar Marcos Aragão Correia pelo e-mail [email protected].

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