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Caracas não espera que EUA e Europa reconheçam eleições legislativas

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Foto EPA

A vice-presidente da Venezuela insistiu, sábado, que as forças revolucionárias devem resgatar o parlamento que está em mãos da oposição, sublinhando não esperar que nem os EUA nem a Europa reconheçam o resultado das legislativas de dezembro.

"Não nos importa, é indiferente para nós, porque existimos muito melhor sem vocês. Não nos importa nenhum Governo, nem dos EUA nem da Europa, nem o vergonhoso cartel de Lima, porque quem tem que falar é o povo", disse Delcy Rodríguez.

A governante falava durante um evento da Federação Venezuelana de Estudantes Universitários para assinalar o Dia do Estudante Universitário, transmitido pela televisão estatal.

"Os EUA e a Europa pensam que são donos do mundo (...). Acreditam que são eles que dão vida a um resultado eleitoral", disse Delcy Rodríguez.

Questionada sobre o que aconteceria se UE e EUA não reconhecessem o resultado das eleições legislativas de 6 de dezembro, a vice-presidente é clara: "Vou-lhes dizer o que tenho respondido, em privado, a alguns embaixadores: não nos importa, é-nos indiferente".

Delcy Rodríguez sublinhou que as sanções norte-americanas "são um crime" do Presidente dos EUA, Donald Trump, contra a Venezuela e que, por isso, foi feita uma denúncia no Tribunal Penal Internacional.

"Roubaram o património dos venezuelanos, Citgo [petrolífera venezuelana nos EUA], Monómeros [empresa de produção de fertilizantes], os recursos financeiros de nosso país, e aqui estamos com as missões e grandes missões sociais [programas estatais de assistência social] na vanguarda, dando uma batalha titânica", disse.

Por outro lado, disse que o sistema eleitoral venezuelano "é o melhor do mundo" e recordou que há mais de 15 dias que os norte-americanos esperam o resultado das eleições presidenciais.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, nas próximas eleições de 06 de dezembro os venezuelanos vão eleger 277 deputados, mais 110 que os eleitos nas legislativas de 06 de dezembro de 2015.

Tanto os EUA como a Europa já anunciaram que não reconhecerão os resultados das eleições de 06 de dezembro, que dizem ser irregulares e questionam a "legitimidade democrática" do Presidente, Nicolás Maduro, que em 2018 foi reeleito para um novo mandato, apesar de a oposição ter denunciado irregularidades.

Em outubro a União Europeia recusou um convide do CNE para enviar uma missão de observação eleitoral, argumentando que não tinha tempo suficiente para a sua preparação e insistindo que as legislativas deveriam ser adiadas para 2021.

Desde junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela suspendeu a direção dos quatro maiores partidos opositores (Vontade Popular, Primeiro Justiça, Ação Democrática, Um Novo Tempo), bem como de vários partidos afetos ao regime, entre eles o Pátria para Todos, e ordenou que fossem reestruturados, nomeando direções provisórias para estes partidos.

A decisão foi classificada pela oposição como uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime decidirá quem preside aos partidos nas próximas eleições.

Como resultado da intervenção do Supremo, aqueles quatro partidos da oposição aparecem agora divididos entre si.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas.

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