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Aproxima-se o Natal

No que à resposta à pandemia COVID’19 diz respeito, Portugal passou de “bom aluno” à incómoda posição de um dos países europeus mais afectados, suplantando Reino Unido, Itália e Espanha nos indicadores utilizados.

Em especial, se considerarmos o centro e norte do país, com especial incidência nas grandes áreas de Aveiro, Covilhã e Guarda.

Entre outras medidas recentemente tomadas, como o prolongamento do Estado de Emergência que agora se prevê seja até ao final do ano, o Governo mobilizou 500 militares para ajudarem no rastreio de infectados.

Não devemos considerar, o que está a acontecer, excepcional. As pandemias, em especial as que se prolongam no tempo, apresentam estas características.

A abertura progressiva, forçada pelas necessidades económicas e sociais, efectuada nos últimos dois meses, levaria inevitavelmente ao aumento de infectados.

Números de ontem apontavam para cerca de 250.000 diagnosticados, após mais de 4 milhões de testes efectuados, com uma percentagem de mortes de cerca de 1,52%.

A Região Autónoma da Madeira tem “beneficiado” pelo facto de ser uma região insular onde o controlo de entradas é, de certo modo, mais facilitado. Não pretendo, com isto, desvalorizar as medidas tomadas, o excelente desempenho dos profissionais de saúde e o comportamento da população.

No entanto, também na Região o número de casos diagnosticados tem vindo a aumentar, como era de esperar.

No passado dia 18, foi estabelecido um recorde de 23 casos diagnosticados num só dia. Desses casos, 13 foram importados (de diversas proveniências) e 10 de transmissão local.

Dos 10 casos identificados como sendo de transmissão local, 6 dizem respeito a crianças com idade inferior a 2 anos.

O mito de que as crianças e jovens eram mais resistentes à infecção e não transmitiam a doença, não durou muito tempo, como era lógico que acontecesse. A resistência à infecção e o comportamento à doença dependem de múltiplos factores, entre eles a resposta do sistema imunitário, a idade, o sexo, a genética e a condição física. Tem, como é bom de perceber, uma grande variabilidade individual.

A abertura de creches e escolas encarregou-se de desmistificar a situação.

Apesar de tudo, a Madeira pode considerar-se privilegiada com uma taxa de mortalidade de cerca de 0,3% (2 mortes em 637 diagnosticados com a doença, à data em que escrevo este artigo).

Devemos continuar a tomar as medidas de resguardo e protecção, até que melhores dias surjam com a utilização de vacinas ou o aparecimento de terapias eficazes para a doença.

Ao contrário do que apregoam alguns dos nossos políticos, as medidas de protecção e resguardo não devem ter como objectivo “podermos celebrar a época de Natal que se aproxima”, mas, tão-somente, a atitude inteligente de evitar que a situação pandémica se descontrole e os meios de que dispomos não sejam suficientes para a conter.

Quanto ao Natal, podemos sempre celebrá-lo…em tranches. Cinco familiares e amigos de cada vez!

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