João Paulo Marques admite lapso e emenda crónica
Advogado reage ao 'Fact check' do DIÁRIO
João Paulo Marques leu o 'fact check' publicado esta tarde e assume que errou.
João Paulo Marques transforma mil milhões de euros num milhão
Valor anunciado ontem por Carlos Pereira foi adulterado na crónica do advogado. Deputado reage lamentando teor "ridículo"
Ricardo Miguel Oliveira , 21 Novembro 2020 - 14:54
"Como é óbvio, a crónica contém um lapso de escrita e onde se lê um milhão deveria ler-se mil milhões de euros" refere ao DIÁRIO.
Ainda assim, considera que "não deixa de ser curioso que o deputado Carlos Pereira se foque num erro de escrita e insista na confusão entre aquilo que são direitos dos madeirenses e opções políticas do Orçamento de Estado". "Aliás, essa era a principal questão levantada pela crónica: a preocupação do deputado em justificar o seu voto (que todos já conhecíamos), permite tudo, até insinuar que os madeirenses devem agradecer a Lisboa por aquilo que é seu por serem portugueses. Julgava, sinceramente, que já tínhamos ultrapassado esses tiques do regime colonial. Infelizmente, para alguns, parece que não", escreve.
João Paulo Marques solicita ainda ao DIÁRIO a emenda do texto da sua crónica no que concerne à parte relativa ao deputado socialista.
Assim sendo, vale esta versão.
O milionário: Carlos Pereira
Mil milhões de euros. Foi quanto o deputado Carlos Pereira encontrou reservado para a Madeira no próximo Orçamento de Estado. Em bom madeirense, qualquer um fica alcançado. Não propriamente pelo valor, mas pela forma engenhosa como o deputado socialista lá chegou. Para atingir os mil milhões, Pereira junta dinheiro dos jogos sociais, redução dos juros, transferências da lei de finanças regionais, novo hospital, mobilidade, salário mínimo e layoff. Um verdadeiro paraíso na terra, escondido num orçamento. Para ajudar à contabilidade criativa, podia o deputado ter juntado outras verbas relevantes para a Madeira. O salário dos deputados madeirenses na Assembleia da República, os 1200 milhões de euros para a TAP, o custo do ornamental representante da República. Até podia ter acrescentado o custo para manter a emissão da RTP Madeira no ar. O céu é o limite, já que a honestidade não parece ser. E isso é o que mais desilude neste devaneio orçamental. É que Pereira não precisava de se esforçar tanto para justificar o que todos sabíamos – o seu voto favorável ao Orçamento. Pior ainda, foi ter criado uma confusão entre aquilo que são direitos da Região e a suposta simpatia do Estado. A mobilidade dos madeirenses não depende da boa vontade de qualquer governo. É um direito de quem vive na Região. As transferências da lei de finanças não dependem do humor dos governantes da República. O layoff e o salário mínimo não se aplicam à Madeira por opção do PS, mas porque ainda somos portugueses. A não ser que o esforço de Pereira tenha sido tal, que, no final, a Madeira ainda terá de devolver dinheiro ao Estado. Afinal, já estivemos mais longe de pagar para sermos portugueses.
João Paulo Marques faz questão ainda de apresentar um pedido de desculpa aos leitores do DIÁRIO.