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Um vazio (cheio) de ideias!

Uma coisa deixo bem claro, da parte do PS não esperem que baixemos os braços

Sempre fui defensor de que a vida política ativa e o exercício dos cargos que lhe estão associados devem ser marcados pela presença permanente de um grande sentido de responsabilidade. Nem pode ser de outra forma, sobretudo pelo respeito e sentido de dever que deve pautar a atuação de todos os que foram eleitos pela população para a representar.

Acontece que na Região Autónoma da Madeira assistimos à ação de uma maioria PSD/CDS que rejeita liminarmente todas as propostas que são apresentadas, desde que não sejam da sua autoria, numa atitude lamentável, muitas vezes acompanhada por um tom jocoso, na tentativa de menosprezar as ideias e os seus autores, desviando atenções e disfarçando as suas próprias incompetências e fragilidades.

Vivemos um momento particularmente difícil em resultado da pandemia, o que efetivamente já não constitui surpresa para ninguém e infelizmente tem confirmado as perspetivas pessimistas que se vinham formando desde o passado mês de Março. A verdade é que a crise sanitária é já hoje uma grave crise económica e social, onde o grau de incerteza continua enorme em relação ao futuro. Vemos uma economia parada, com agentes económicos em desespero, enquanto se assiste ao aumento do desemprego, que já recuou até níveis de 2018 e se prevê que continue a aumentar. Mas a maioria PSD/CDS no parlamento, bem como o Governo Regional, nem em situação pandémica são capazes de aceitar contributos e propostas válidas, como as que o PS tem apresentado nas mais diversas áreas, que vão desde os apoios às empresas, ao turismo, passando pela educação e saúde, até aos apoios sociais.

Mas vamos a factos. Desde o início da pandemia que reivindicávamos a importância de apoios a fundo perdido, o fim da exigência de garantias pessoais como condição para aceder a linhas de crédito, a necessidade de considerar como elegíveis nos incentivos ao funcionamento diversas despesas (salários, encargos sociais, rendas, água, eletricidade, etc), a criação de incentivos à requalificação de infraestruturas como mote para investimento reprodutivo, entre várias outras propostas. Já anteriormente, quer no debate do programa de Governo no final de 2019, quer nos debates do Orçamento Regional, propusemos a redução do IRC aplicando o diferencial máximo, apoios ao transporte de mercadorias, incentivos ao turismo relativos à renovação de unidades hoteleiras ou mesmo à criação de fundos para novas rotas aéreas. Infelizmente, todas estas propostas e contributos foram sendo repetidamente desvalorizados e rejeitados pela maioria no parlamento regional.

Poderá dizer-se que se tratam de divergências ideológicas ou de estratégia, mas essa argumentação cai por terra quando, com surpresa para alguns, vemos todas estas medidas mencionadas em documentos do Governo Regional, passados alguns meses, como é o caso do Plano de Desenvolvimento Económico e Social 2030 ou os recém-apresentados Incentivos e Auxílios à Economia, por parte do Conselho Consultivo de Economia.

Parente isto, em que é que ficamos? As propostas que eram votadas como inúteis, desadequadas e desprovidas de interesse, de repente, tornam-se intenções e metas do Governo? Que mal fizeram os madeirenses ao Governo Regional para esperar e desesperar tanto pela sua implementação?

Uma coisa deixo bem claro, da parte do PS não esperem que baixemos os braços, porque continuaremos a trabalhar, para que pacotes de medidas como estes não fiquem vazios de ideias e de propostas válidas. Vazio existe, sim e apenas, durante os meses em que as nossas propostas são ignoradas e desprezadas, até as vermos refletidas nas opções do Governo Regional. Temos esperança que, tal como as que referi, muitas outras propostas não tenham sido apresentadas em vão e estamos confiantes que ainda sejam aproveitadas, em benefício da população. O que pedimos é uma mudança de atitude por parte de quem governa, mais sentido de responsabilidade e, não menos importante, a efetiva execução das medidas.

Seguimos o nosso caminho de proximidade com as famílias, com as empresas e com as suas reais necessidades. Seguimos juntos, responsáveis e preparados.

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