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Trump apresenta-se como o político que mudou Washington

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Foto Shutterstock

Donald Trump venceu as eleições presidenciais dos EUA, em 2016, assumindo a sua falta de experiência política, mas apresenta-se para a reeleição, em 2020, como um político cuja experiência mudou Washington.

Donald Trump procura um segundo mandato presidencial reciclando os seus 'slogans' da campanha de 2016 e recuperando a tática política que praticou na Casa Branca de denegrir a imagem dos adversários e explorar os medos dos eleitores.

Quando chegou ao poder, tornando-se o 45.º Presidente dos Estados Unidos, Trump não tinha experiência política e prometia "drenar o pântano" de Washington, acelerando nos primeiros 100 dias de mandato com numerosos decretos que revogavam as políticas do seu antecessor, o democrata Barack Obama.

Trump, 74 anos, que foi proposto para o prémio Nobel da paz deste ano pelo seu envolvimento nos recentes acordos no Médio Oriente entre Israel e países árabes, acredita agora que pode mudar a sua própria política, apostando na paz mundial (auto elogiando-se pela retirada de tropas norte-americanos de cenários de guerra) e na segurança interna (acusando os adversários democratas de não conseguirem conter a violência nas cidades que dirigem).

"Washington não mudou Donald Trump. Donald Trump mudou Washington", disse Ivanka Trump, sua filha e uma das conselheiras da Casa Branca, na sua intervenção na Convenção Republicana, em final de agosto.

Ivanka acrescentou que a maior qualidade do Presidente em exercício é que ele não fica pelas promessas, cumpre-as, lembrando uma série de ruturas que Trump continua a anunciar para um segundo mandato e repetindo uma ideia que o pai muitas vezes invoca.

Mas esta campanha eleitoral demonstrou também que Trump não mudou o estilo presidencial que inaugurou em janeiro de 2017, com afirmações polémicas e atitudes irreverentes, capazes de suscitar o ódio dos adversários e a adoração dos apoiantes.

No primeiro debate televisivo frente a Joe Biden, Trump foi acusado de não ter deixado o adversário democrata falar, com constantes interrupções e com acesas provocações, merecendo mesmo a crítica de alguns setores mais moderados do Partido Republicano, que não se reviu nessa postura.

Quando a Casa Branca anunciou que o Presidente tinha sido infetado com o novo coronavírus, Trump foi internado durante três dias, tendo reaparecido com uma atitude de desafio, deixando-se fotografar sem máscara e dizendo que tinha regressado mais forte do que nunca, sem sequer admitir que, ao contrário do que tinha andado a dizer, a doença de covid-19 constituía um risco grande para a população.

"Por algum motivo, o Presidente pensa que quando diz alguma coisa ela se torna realidade", criticava recentemente Chuck Schumer, o líder da minoria democrata no senado, sintonizando-se com as acusações de falta de estratégia a Donald Trump, repetidas pelo candidato Joe Biden, com quem defrontará as eleições marcadas para 03 de novembro.

Se, perante a sua falta de experiência política, na anterior campanha Trump se apresentou como um empresário de sucesso, na campanha de reeleição o Presidente mostra-se como campeão das vitórias internas e externas, como fez recentemente numa intervenção à Assembleia Geral da ONU.

Nascido em 14 de junho de 1946 em Nova Iorque, Donald Trump é filho da imigrante Anne MacLeod e de Frederick Trump, um construtor de uma família alemã e promotor imobiliário com uma grande fortuna reunida da construção de imóveis, hotéis e casinos de luxo.

Aos 22 anos, Donald Trump formou-se em Economia pela Wharton School of Finance, da Universidade da Pensilvânia.

Assumiu o controlo dos negócios da empresa do pai antes de completar 30 anos e reuniu os empreendimentos da família na Organização Trump. Na década de 1970, Donald Trump envolveu-se no ramo hoteleiro e começou os investimentos e empreendimentos por conta própria.

Em 1977, Donald Trump celebrou o primeiro casamento, que durou 15 anos, com a empresária e modelo checa Ivana Trump, mãe dos seus três filhos mais velhos. O casal foi proeminente na alta sociedade de Nova Iorque durante a década de 1980.

No ano de 1983, foi inaugurada a Trump Tower, na famosa Quinta Avenida de Nova Iorque, um estabelecimento de 58 andares, mas o envolvimento financeiro na indústria aérea e nos casinos ditaram o sobre-endividamento e falência de Trump, na década de 1990.

Segundo documentos obtidos pelo jornal The New York Times, Donald Trump tinha uma dívida global de 3,4 mil milhões de dólares (cerca de 5,8 mil milhões de euros) no ano de 1990.

O mesmo jornal sustenta que o empresário pode ter beneficiado de isenções fiscais legais com que podia evitar impostos federais durante até 18 anos.

Entre 1993 e 1999, Trump esteve casado com a atriz Marla Maples, com quem tem uma filha.

Em 1996, tornou-se proprietário do concurso de beleza Miss Universo e, em 2003, tornou-se produtor executivo e apresentador do 'reality show' O Aprendiz, no canal NBC, durante 14 temporadas.

Já em 2005, voltou a casar-se, com Melania Trump, com quem teve o seu quinto filho.

O Presidente dos EUA tem mais de 15 livros escritos em seu nome sobre a sua visão de negócios, liderança e política. Grande parte dos livros foram criados por 'escritores fantasmas', mas de autoria atribuída ao milionário.

Dono de campos de golfe nos Estados Unidos e em outros países, assim como de imóveis de luxo por todo o mundo, Donald Trump anunciou a sua candidatura à eleição presidencial pelo Partido Republicano em 2015.

Conhecido desde os tempos do entretenimento na televisão pela personalidade intempestiva e polémica, Trump fez uma campanha presidencial centrada na construção de um muro na fronteira dos EUA com o México, na revisão de acordos internacionais multilaterais que em sua opinião não favorecem o país, no fim da lei do 'Obamacare' que reformou o sistema dos seguros de saúde e ainda no reforço da economia, todas ao abrigo do 'slogan' "Make America Great Again" (Tornar a América Grande de Novo).

Em novembro de 2016, os votos do colégio eleitoral resultaram na vitória de Donald Trump contra a candidata democrata Hillary Clinton, apesar de a contagem do voto popular ser maior, por quase 2,8 milhões, para a rival.

Em janeiro de 2017, Donald Trump tornou-se Presidente dos EUA, o mais velho a subir ao cargo, aos 70 anos.

Durante o seu mandato, o Presidente em exercício colecionou inimigos na imprensa, desafiou aliados internos e externos, alterou frequentes vezes o seu 'staff' na Casa Branca, chocou eleitores com declarações inesperadas, irritou o seu próprio partido com posições extremadas e sofreu com níveis de impopularidade nas sondagens.

A um ano das eleições presidenciais, o bom desempenho da economia norte-americana era o grande trunfo para a sua campanha de reeleição, mas a pandemia de covid-19 trocou as voltas ao candidato republicano, debaixo de fortes críticas sobre a sua gestão da crise sanitária e cercado por casos como o do seu envolvimento com o Governo russo, que levou a um processo de 'impeachment', no início de 2020, que não o destituiu, mas que deixou marcas no prestígio que ele tanto tenta preservar.

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