África do Sul atraiu 6 mil milhões de euros de investimento
Duramente afetada pela pandemia, a África do Sul atraiu cerca de seis mil milhões de euros, em particular nos setores afetados pela crise económica provocada por aquela, anunciou hoje o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
Vários destes investimentos "são nos setores duramente afetados pela pandemia, em particular as indústrias do turismo e da hotelaria", sublinhou o chefe de Estado no seu discurso de encerramento da conferência anual sobre o investimento na África do Sul.
"Estes investimentos vão contribuir para a sua recuperação", acrescentou.
Antes, Ramaphosa descrevera uma economia sul-africana "gravemente afetada" pela pandemia, com uma taxa de desemprego em níveis recorde.
Segundo a agência de estatísticas do país (StatsSA), o país mais industrializado do continente viu o seu produto interno bruto (PIB) cair 51% no segundo trimestre em relação a 2019.
O governo prevê um recuo de 7,2% do PIB no conjunto do ano 2020.
Durante a primeira conferência sobre o investimento, em 2018, Ramaphosa fixara como objetivo atrair 65,5 mil milhões de euros em cinco anos.
Este mesmo montante de investimento é a meta para os próximos cinco anos e foi formulada na Conferência de Investimento Sul-africana que, promovida pelo governo, decorreu em Joanesburgo com a presença física de cerca de 175 delegados e mais de mil registados, que acompanham o evento online.
"Participam porque acreditam na história da África do Sul, que é uma história de renovação, uma história de um país que não apenas se ergue da devastação do coronavírus, mas é um país determinado a avançar, a crescer, a criar empregos e a proporcionar ao seu povo uma vida melhor", afirmou Ramaphosa, num discurso proferido no fórum.
A conferência deste ano corresponde à terceira edição do evento anual e surge num momento-chave, quando o governo sul-africano procura lançar bases para a reconstrução da segunda maior economia de África.
O contexto em que decorre é também relevante por acontecer nas vésperas da entrada em vigor do Acordo de Comércio Livre do Continente Africano (AfCFTA, na sigla em inglês), prevista para Janeiro próximo, na sequência do atraso imposto este ano pela pandemia da COVID-19.
"O continente africano está no limiar de uma nova era", sublinhou Ramaphosa, antes de recordar que a futura maior região do mundo sem barreiras comerciais inclui um mercado de cerca de 1,3 mil milhões de pessoas e um produto interno bruto (PIB) combinado de cerca de 2,3 biliões de dólares (quase 1,95 biliões de euros).
Nesse sentido, o presidente salientou que a África do Sul, devido à sua estabilidade, serviços e localização, é uma porta perfeita para este grande mercado pela qual podem entrar os investidores de todo o mundo.
Também encorajou os participantes a colocarem os seus investimentos na África do Sul e assim ajudarem o Governo do país a atingir o difícil objetivo estabelecido para este evento: obter compromissos de investimentos no valor de 1,2 biliões de rands (cerca de 65 mil milhões de euros) para os próximos cinco anos.
Com a economia devastada pela crise da covid-19 e o desemprego em níveis recorde (30,8%), grande parte dos planos de recuperação económica de Ramaphosa passa por convencer o mundo de que a África do Sul é um destino atraente para o investimento estrangeiro, apesar das dificuldades do contexto atual.
Durante os meses centrais do ano, a África do Sul foi uma das cinco nações do mundo mais afetadas pelo coronavírus, apesar do duro confinamento imposto entre o final de Março e o início de Junho, que prejudicou gravemente a economia.
Com 754.256 casos de infeção e 20.433 mortos, a África do Sul continua a ser o país mais afetado em todo o continente africano.
A pandemia tem estado sob controlo no país desde agosto, mas nas últimas semanas o medo de uma segunda vaga tem vindo a aumentar.