Do alto da minha ignorância em assunto tão complexo como o que, nos últimos dias,tem sido o mote para as conversas de café e não só,atrevo-me a dizer que “gato escaldado de água fria tem medo.”

Não é por acaso que surgiram alguns focos de alvoroço, gerado por enorme preocupação, quando se está na iminência de assistir ,como meros espectadores passivos, a uma vasta plantação de cannabis.

Para a maior parte da população, cannabis tem apenas um significado-DROGA, mesmo que o objecto da sua produção se destine a fins medicinais. Ponto.

Não é fácil convencer as pessoas do contrário sem argumentos credíveis e sustentados em bases seguras.

Por muitas explicações, conferências e sessões de esclarecimento que se apresente não diminuirá a apreensão que se sente ,no meio local.

Todos nós sabemos o que significa o consumo de droga, sobretudo pelas camadas mais jovens da sociedade e ninguém quer esse flagelo por perto. E não é porque somos “burros”, “atrasados mentais”, “ressabiados”e velhos do Restelo.

Assusta-nos ficar próximo de um potencial perigo. Por muita segurança que exista nada é totalmente seguro e há “muita forma de matar pulgas”.

Não sei até que ponto não teria sido útil consultar previamente a população já que isto diz respeito a todos e não só a meia dúzia. Não sei nem quero saber que interesses se moverão na obscuridade ou se nem existirão por detrás,mas sei que bons projectos veiculados por naturais da terra raramente ou nunca vingam,ao contrário do que vem do exterior que encontra espaço fértil, qualquer que seja a natureza do que é apresentado ou proposto. Mas é assim desde o princípio dos tempos. Por isso temos razões para desconfiar e ficar de pé atrás.

Cientificamente está mais do que provado que a cannabis não cura nenhuma doença, somente alivia alguns sintomas, mas o consumo desta droga é a grande causa de uma elevada percentagem de doenças mentais. É isto que deve estar à frente de qualquer outra ambição quando se está na presença de alguma proposta e se tem de tomar decisões importantes, com impacto na vida de muita gente.

Não me parece que haja lugar ao benefício da dúvida.

Sem ressentimentos.

Madalena Castro