Bolsonaro promete revelar países que importam madeira ilegal da Amazónia
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que pretende divulgar os nomes dos países que importaram madeira ilegal da Amazónia, citando o desenvolvimento de uma tecnologia que permite rastrear madeira extraída ilegalmente.
"Tendo em vista os injustificáveis ataques que nós sofremos no tocante a nossa região amazónica, a nossa polícia federal desenvolveu agora a utilização de isótopo estável, que é um tipo de DNA, para permitir a localização da origem da madeira apreendida e exportada", disse Bolsonaro, na cimeira do países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
"Assim, por meio dessa nova tecnologia, em breve revelaremos os nomes dos países que importaram madeira ilegal do Brasil", acrescentou na sua intervenção, realizada virtualmente.
"Acredito que, com essa notícia do interesse de todos no mundo, a prática da extração ilegal de madeira e a importação de madeira derrubada ilegalmente serão substancialmente reduzidas", frisou o Presidente brasileiro.
Em 2019, que coincidiu com o primeiro ano de Bolsonaro no poder, a perda de cobertura vegetal na maior floresta tropical do planeta aumentou 85%, para 9.165 quilómetros quadrados, o maior nível de desflorestação registado desde 2016, segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Nos primeiros oito meses deste ano, os alertas de desflorestação diminuíram 4,94% em relação ao mesmo período de 2019, atingindo 6.099 quilómetros quadrados, número ainda elevado apesar da redução percentual.
Um dos líderes políticos que ficou conhecido pela postura negacionista na pandemia de covid-19, Bolsonaro também comentou os efeitos da pandemia na economia e exortou cooperação entre os BRICS.
"Em 2020, o mundo enfrenta uma crise de contornos desafiadores. Mais uma vez, os países BRICS podem desempenhar papel central nos esforços da superação da covid-19 e da retomada da economia. O caminho para o crescimento económico depende da cooperação focada em benefícios mútuos e no respeito das soberanias nacionais", afirmou Bolsonaro.
"Nesse aspeto, o BRICS destaca-se pela variedade de setores e atividades abrangidas pela iniciativa do grupo. Nossa cooperação deve incentivar a liberdade de criar e empreender. Estou certo de que há espaços para ampliarmos medidas de promoção comercial entre nossos mercados, incentivando uma maior interação entre setores privados de nossos países", acrescentou.
O chefe de Estado brasileiro também fez críticas às instituições multilaterais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas e defendeu reformas institucionais.
A 12.ª cimeira dos BRICS, que tem por tema a "estabilidade global, segurança comum e crescimento inovador", esteve marcada para julho, em São Petersburgo, na Rússia, mas foi adiada para agora, devido à pandemia.
A cimeira é liderada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, contando ainda com a presença, para além de Xi Jinping, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.