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ONU alerta para "crise humanitária em grande escala"

Em causa está o conflito na Etiópia

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Uma "crise humanitária em grande escala" está a acontecer na fronteira entre o Sudão e a Etiópia, de onde milhares de pessoas fogem diariamente devido à operação militar em curso em Tigray, disseram hoje as Nações Unidas.

Segundo um porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, 4.000 pessoas atravessaram diariamente a fronteira para o Sudão desde 10 de novembro, totalizando cerca de 27.000 refugiados.

Hoje, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, alertou para uma ofensiva "final" contra a região rebelde do norte de Tigray nos próximos dias, depois de ultrapassado o ultimato que deu na semana passada às forças da região para se renderem.

"O prazo de três dias estabelecido para as forças especiais e milícias do Tigray se defenderem a si próprias e ao seu povo em vez de levarem a cabo as intenções da junta gananciosa terminou hoje", disse Abiy, referindo-se à Frente de Libertação do Tigray (TPLF), o partido que governa esta região, que faz fronteira com a Eritreia e o Sudão.

E acrescentou numa mensagem publicada na rede social Facebook: "Uma vez passado o prazo, a ação executiva final terá lugar nos próximos dias".

Abiy, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, continua a rejeitar os apelos internacionais ao diálogo e à cessação das hostilidades que começaram no dia 04, quando ordenou uma ofensiva militar contra a TPLF, em retaliação a um ataque das forças de Tigray a uma base do exército etíope na região.

Países africanos como o Quénia, que partilha uma fronteira com o sul da Etiópia, e o Uganda apelaram a uma solução negociada para o conflito, mas o executivo de Adis Abeba rejeita esta linha de ação, considerando que a TPLF violou a ordem constitucional.

O conflito, que se propagou à vizinha Eritreia - um aliado do Governo etíope - depois do ataque da TPLF à sua capital, Asmara, no sábado passado, está também a causar uma crise humanitária que levou mais de 27.000 etíopes a fugir para o Sudão.

A esse respeito, Abiy disse na segunda-feira: "O Governo etíope está pronto para receber e reintegrar os nossos compatriotas que estão a fugir para os países vizinhos".

"Prometemos aos nossos civis inocentes em fuga proteger os seus bens, permitir o apoio humanitário da ENDF (Força de Defesa Nacional Etíope, nome das Forças Armadas etíopes) e assegurar a sua paz no seu regresso", acrescentou na sua conta do Twitter.

Tigray permanece isolada e com as telecomunicações cortadas desde o início desta guerra, o que dificulta a verificação independente da informação.

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