Madeira

Fátima Menezes fala de má gestão da Porto Santo Verde

Ex-presidente da Câmara foi surpreendida com passivo da empresa municipal e diz que não concluiu a liquidação porque não teve tempo

Fátima Menezes liderou a Câmara do Porto Santo entre 2011 e 2013.
Fátima Menezes liderou a Câmara do Porto Santo entre 2011 e 2013., Foto Arquivo

Fátima Menezes que assumiu a presidência da Câmara Municipal do Porto Santo em 2011, em substituição do então presidente Roberto Silva, lamentou a má gestão da Porto Santo Verde e confessou que foi surpreendida pela situação em que encontrou a empresa municipal quando assumiu a liderança do Município, onde permaneceu até 2013. Foi também porque não teve tempo que não concluiu o processo de liquidação a que deu início.

A empresa Porto Santo Verde quando foi constituída serviu o Porto Santo no objectivo a que se propôs, afirmou a ex-dirigente. “Depois a gestão da dita empresa é que não foi nada boa, foi muito mal conduzida pelos resultados que eu depois constatei quando fui presidente da Câmara”, referiu ao DIÁRIO esta manhã, em reacção à manchete da edição de hoje. “Foi uma herança realmente muito pesada, a prova que a empresa não estava bem é que nós não pudemos aguentá-la (…), nós não pudemos dar continuidade, tivemos de partir para a dissolução”.

A então edil, hoje afastada da política, conta que foi “um processo novo, muito complexo”, penalizado ainda pela crise financeira grave e intervenção da Troika. Garante que foi feito tudo o que foi possível, conta que foram consultados especialistas para garantir o cumprimento da lei, tendo em conta a situação que a empresa reflectia. “Infelizmente, eu também não tive tempo. Nós levámos à aprovação esse documento para dissolução”. “Deparo-me com este desfecho, lamento.”

Fátima Menezes não quis entrar no campo do que terá acontecido depois. “Eu sei que esse processo esbarrou, mas também não quero estar agora a entrar em pormenores técnicos porque desisti de acompanhar esse processo há algum tempo”, disse. “Não sei com que problemas é que a Câmara se deparou para não levar o processo para a frente. Sei que a empresa estava cheia de problemas, mas não sei quais foram, se realmente houver problemas que impedissem posteriormente a concretização da dissolução.”

Fátima Menezes, eleita então na lista encabeçada por Roberto Silva do PSD, revela que quando assumiu a presidência da Câmara recebeu uma dívida próxima do actual passivo, que ultrapassa os 756.000 euros. “Quando assumi a presidência da Câmara, para mim foi uma novidade. Sabia que a empresa não estava bem, mas quando apuramos a gestão real, a dimensão, foi uma surpresa para mim um bocado constrangedora, muito constrangedora.” Conta que não acompanhou a situação antes de ser presidente, pois estava com os pelouros das obras, Urbanismo e Obras Particulares, e nessa altura havia muito trabalho. Revela que a situação “não foi nada fácil”. “Tivemos muitos problemas, nós e os administradores”.

Já este ano o Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia Municipal do Porto Santo sublinhou que “o prolongamento e a decisão de não efectuar a liquidação da Porto Santo Verde – Geoturismo e Gestão Ambiental, E.E.M (PSV), no mandato anterior, trouxe ao município os malefícios próprios de uma não prestação de contas, a nível económico e financeiro” e que em quatro anos “nada foi feito pelo anterior executivo do PS para concluir um processo já de si longo e prejudicial para a boa saúde financeira do município”. Nessa mesma notícia, datada de 26 de Junho, destacou “o empenho do actual executivo em funções na resolução da liquidação”, através de vários contactos com o actual liquidatário, embora infrutíferos.

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