Madeira

"O futuro do mundo joga-se (também) nos oceanos e a UE não pode ignorar esta evidência”

Portugal não deve perder a oportunidade para reafirmar a dimensão atlântica e pluricontinental da Europa através das regiões ultra-periféricas, defende Albuquerque

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foto arquivo

Além de “pilar crucial da nossa política externa” hoje a União Europeia (UE) assume-se também como pilar “da nossa identidade, enquanto nação”, manifestou esta tarde o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, durante a intervenção na Sessão Solene de Abertura do 1º Módulo do 6º Curso Intensivo de Segurança e Defesa – Madeira 2020/21 (CISEDE). 

Se até há pouco tempo a Grã-Bretanha representava a dimensão atlântica da UE, com a saída dos britânicos, o líder madeirense antevê que “a dimensão da integração europeia vai acentuar-se com forte predomínio da Alemanha -potencia continental de excelência - e a crescente marginalização dos países periféricos, como Portugal”, admitiu.

Motivo para reafirmar a importância geoestratégica de Portugal por entender ser “óbvio que uma Europa afastada do Atlântico é uma Europa enfraquecida do ponto de vista geoestratégico. Uma Europa amputada de uma fundamental dimensão constitutiva e limitada na sua projecção pluricontinental” acentuou.

Em contrapartida, “enquanto país atlântico e europeu com uma das maiores plataformas continentais do mundo graças à sua dimensão arquipelágica, Portugal tem aqui uma oportunidade única para valer o seu peso no quadro europeu”, defendeu Miguel Albuquerque. Mais ainda por considerar que “o mar é cada vez mais decisivo, não só em termos económicos, mas também geoestratégicos. Em parte o futuro do mundo joga-se nos oceanos e a UE não pode ignorar esta evidência”, reclamou. Argumento de peso para dizer que “a projecção da Europa enquanto poder mundial joga-se também nos seus territórios ultra-periféricos”. Regiões ultra-periféricas da Europa que “são reconhecidas no tratado de funcionamento da UE. São hoje elementos constitutivos essenciais da projecção da Europa no mundo no presente e no futuro” sublinhou na sessão de abertura da iniciativa do Instituto de Defesa Nacional com o Alto Patrocínio do Governo Regional, que tem por objectivo promover o aprofundamento do conhecimento dos cidadãos sobre as questões da segurança e defesa nacionais e internacionais.

Sobre estes territórios europeus ultra-periféricos que “têm mais de quatro milhões de habitantes e que estão sedeados no Atlântico, nas Caraíbas, na América do Sul e no Índico”, estão os territórios ultramarinos franceses, os espanhóis – Canárias – e os dois arquipélagos portugueses – Madeira e Açores.

“Nós temos aqui mais uma oportunidade para reafirmar a dimensão atlântica e pluricontinental da Europa através das regiões ultra-periféricas, incluindo as regiões [autónomas] portuguesas”, defendeu o chefe do Governo no encerramento da sessão de abertura, que contou também com intervenções da Secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes, Catarina Sarmento e Castro e da Directora do Instituto de Defesa Nacional, Helena Carreiras. 

Miguel Albuquerque entende que Portugal deve posicionar-se para “chamar a atenção” para importância da “dimensão atlântica europeia” e assumir neste quadro, “com outros países atlânticos, como por exemplo a Holanda, o fulcro de projecção desta dimensão fundamental do poder europeu no presente e no futuro”.

Para Miguel Albuquerque este é “um desafio fundamental para o nosso país e para a nossa diplomacia” por entender que “está é uma aposta decisiva que temos que vencer”, concretizou.

Este primeiro módulo, subordinado ao tema ‘O Quadro Geral de Segurança e Defesa, decorrerá em ambiente ao online, entre os dias 16 e 18 de novembro, e contempla sete conferências – Sistema Internacional, Eixos do Conflito Contemporâneo, Evolução do Pensamento Estratégico, Conceito e Enquadrantes da Estratégia, Geopolítica de Portugal, a Transformação da Defesa no Século XXI e as Crises e a Gestão de Crises Complexas –, tendo por preletores os Professores Doutores Carlos e Bruno Cardoso Reis, os Majores-Generais José Arnaut Moreira e Freire Nogueira, o Brigadeiro-General José Duarte Costa e o Coronel Carlos Coutinho Rodrigues. 

Recordar que o CISEDE tem por objectivo promover o aprofundamento do conhecimento dos cidadãos – nomeadamente colaboradores de organismos da administração central, regional ou local, das Forças Armadas, das Forças e Serviços de Segurança, bem como de entidades representativas da sociedade civil – sobre as questões da segurança e defesa nacionais e internacionais. 

O 2º e 3º Módulo do CISEDE – Madeira 2020/21, agendados para os meses de fevereiro e abril de 2021, terão como temas centrais ‘A Política de Defesa Nacional’ e ‘A Realidade Regional no Campo da Segurança e Defesa’, respetivamente. 

Os Cursos Intensivos de Defesa Nacional realizam-se a cada dois anos na Região Autónoma da Madeira, fruto da parceria estabelecida entre o Governo Regional e o Instituto de Defesa Nacional. 

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