Abertura do corredor aéreo com Reino Unido aliviou quebra de dormidas de britânicos
A abertura do corredor aéreo com Portugal contribuiu para a recuperação das dormidas de residentes do Reino Unido em agosto e setembro, aliviando as quebras homólogas para 79,9% e 70,7%, após quatro meses com diminuições superiores a 90%.
Numa análise divulgada hoje sobre o impacto da abertura do corredor aéreo entre o Reino Unido e Portugal em agosto e setembro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) nota que, entre 21 de agosto e 10 de setembro, o decréscimo do número de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido foi de 53,5%, evolução que contrasta com a diminuição registada no acumulado dos restantes dias dos meses de agosto e setembro (-80,2%).
De forma a minimizar os impactos da pandemia de covid-19 no seu território, o Reino Unido definiu uma lista de países ou territórios que considerava apresentarem menor risco de contágio ('travel corridors'), sendo que as pessoas que chegavam ao Reino Unido de países ou territórios presentes nessa lista não necessitavam de efetuar quarentena obrigatória de 14 dias.
Após ter excluído inicialmente Portugal desse corredor, o Governo britânico anunciou em 20 de agosto que, a partir do dia 22 desse mês, quem entrasse em Inglaterra vindo de Portugal já não teria de ficar em quarentena obrigatória. Posteriormente, em 10 de setembro, devido ao aumento da taxa de infeções no país, anunciou que, a partir do dia 12 de setembro, quem viajasse de Portugal voltaria a ter de efetuar quarentena.
Segundo os dados hoje divulgados pelo INE, "no período compreendido entre os dois anúncios desembarcaram 53,8% do total de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido em agosto e setembro de 2020 (33,1% em igual período de 2019)".
Analisando o número de passageiros desembarcados diariamente nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido, entre janeiro e setembro de 2020, e comparando com o período homólogo, o instituto estatístico diz ser "possível observar o impacto da pandemia covid-19 e das medidas adotadas ao nível do espaço aéreo a partir do início da segunda quinzena do mês de março".
"Entre abril e junho, registaram-se quebras no número de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido superiores a 90%", refere, acrescentando que, "a partir do início do mês de julho, é visível uma ligeira recuperação do número de passageiros desembarcados, que se torna mais notória a partir do momento em que foi anunciado que Portugal passava a constar da lista de países de onde era possível viajar sem ser necessário efetuar quarentena obrigatória".
Assim, no mês de julho registou-se uma diminuição do número de passageiros de 85,5%, em agosto verificou-se um decréscimo de 69,1% e em setembro a diminuição foi de 73,9%.
Conforme destaca o INE, o mercado britânico é, tradicionalmente, o principal mercado emissor para Portugal, tendo representado 19,1% do total de dormidas de não residentes registadas em 2019 (19,6% em 2018) e 16,3% no conjunto dos nove meses de 2020 (19,3% em igual período de 2019).
No conjunto dos dois primeiros meses de 2020, o mercado britânico apresentou um crescimento do número de dormidas de 3,5%, evolução que contrasta com a diminuição de 77,6% registada no conjunto dos nove primeiros meses do ano.
Já no que se refere às compras efetuadas nos terminais de pagamento automático da rede multibanco (rede TPA-MB) por cartões emitidos no Reino Unido (que poderão ter sido utilizados por residentes no Reino Unido ou não), o INE diz que os decréscimos registados foram "menos expressivos", diminuindo 45,2% em setembro (-48,3% em agosto).
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.313.471 mortos resultantes de mais de 54 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.381 pessoas dos 217.301 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.