O Ljubomir tem razão
Sabemos bem na Madeira a situação desesperante por que passam os nossos empresários, em particular do sector do Turismo.
Estamos numa fase crítica da pandemia, com o País em novo Estado de Emergência e com diversas medidas que tendo como objetivo suster ao máximo a propagação do vírus, o sistema nacional de saúde a começar a atingir níveis críticos em algumas regiões, tem atingido igualmente o tecido económico de forma brutal, com o comércio, restaurantes e todo o retalho a sofrer de forma quase irremediável com estas restrições.
Se todos cidadãos percebem a necessidade de executar medidas que visem travar o número de infeções, e grande parte dos contágios relacionam-se com o convívio social, já é bastante mais difícil de explicar como não há o devido acompanhamento em termos dos apoios financeiros necessários para as empresas sobreviveram aos condicionamentos de horários e encerramento obrigatório.
Como diz e bem o chef Ljubomir Stanisic, que tem marcado a comunicação social nos últimos dias, os empresários que se têm manifestado um pouco por todo o País apenas querem sobreviver. Precisam de ajuda imediatamente. Estão há meses numa situação insustentável, com uma queda de negócio e facturação sem paralelo.
O Governo da República anunciou agora que irá introduzir alterações no Orçamento de Estado visando aumentar o valor a receber em layoff até 100%, naquela que tem sido a medida mais eficaz desde março no apoio às empresas, e alargar o apoio para os sócios gerentes, que são dos que têm mais sofrido com a quebra de rendimentos. Virão sempre tarde de mais, mas ainda bem que se começa a compreender que a única forma de segurar a economia é segurar as empresas a fundo perdido. Certamente não é com mais linhas de crédito, e também o que tem sido adiado com as moratórias um dia terá de ser pago.
Sabemos bem na Madeira a situação desesperante por que passam os nossos empresários, em particular do sector do Turismo. Sabemos igualmente a dificuldade que muitos, demasiados, têm sentido e a tremenda injustiça que sentem com a morosidade dos processos e também com os poucos ou nenhuns apoios recebidos.
Tenho tido oportunidade de ler e ouvir há várias semanas, como todos os empresários e trabalhadores, o exercício propagandístico tanto do vice presidente como do secretário regional da economia, num triste teatro sobre quem diz que dá mais apoios às empresas. Apoios de centenas de milhões de euros, que nas suas palavras têm salvo a economia regional, mas que certamente por algum motivo existencial não chegam a quem precisa, que não são executados ou contratualizados, deixando muitas empresas num clima de enorme incerteza e risco. Sem apoios.
Há cerca de 1 mês atrás a proposta do grupo parlamentar do PS Madeira para criar uma linha de apoio a fundo perdido de 65 Milhões de Euros, 70% dos quais dirigidos às empresas ligados ao turismo (hotelaria, alojamento, restauração, animação turística, agências, operadores, marítimo turística, etc), foi chumbada liminarmente pelo PSD e CDS na Assembleia Legislativa da Madeira.
Diziam que não era necessária porque já existiam apoios melhores e suficientes do Governo Regional. A nossa proposta visava apoiar os custos fixos das empresas nomeadamente com salários, segurança social, rendas e alugueres, consumos de energia e água, vigilância e segurança, seguros e comunicações. Chumbada porque não era necessária.
Esta semana o secretário regional da economia vai supostamente anunciar mais medidas de apoios às empresas. Não é necessário muito para adivinhar o que será apregoado…