Maduro acusa União Europeia de agir contra venezuelanos ao prolongar sanções
O Presidente Nicolás Maduro acusou na quinta-feira a União Europeia (UE) de exercer "um papel vergonhoso" contra o povo da Venezuela, ao prolongar por mais um ano as sanções contra funcionários do seu Governo.
"A UE ficou agarrada à cauda de Donald Trump [Presidente dos EUA] e de maneira cruel e fracassada continua com a sua política de sanções", disse Maduro, durante um evento transmitido pela televisão estatal.
Segundo Nicolás Maduro, "o papel da UE contra o povo da Venezuela" é "vergonhoso, indignante e triste".
Por outro lado, o ministro venezuelano de Relações Exteriores acusou a UE de ter "uma política cruel e fracassada, com claras conotações de colonialismo frustrado", numa mensagem divulgada na rede social do Twitter.
A União Europeia prorrogou na quinta-feira, por mais um ano, até 14 de novembro de 2021, o pacote de sanções imposto ao regime venezuelano, por considerar que persistem as ações contra a democracia, Estado de direito e direitos humanos.
Em comunicado, o Conselho da UE recordou que "as medidas incluem um embargo de armas e de equipamento utilizados para repressão interna, assim como a proibição de viajar e o congelamento de bens de 25 pessoas incluídas na lista que ocupam cargos oficiais e são responsáveis por violações dos direitos humanos e/ou por minar a democracia e o Estado de direito na Venezuela".
"Estas medidas destinam-se a ajudar a encorajar soluções democráticas partilhadas, com vista a trazer estabilidade política ao país e permitir-lhe responder às necessidades urgentes da população. As medidas específicas são flexíveis e reversíveis, e concebidas para não prejudicar a população venezuelana", aponta-se no comunicado.
O regime de sanções da UE dirigido à Venezuela, inicialmente imposto em 2017, vai entrar assim no seu quarto ano de aplicação, a partir do momento em que o texto jurídico for publicado no Jornal Oficial da União Europeia, na sexta-feira, véspera da data em que expiravam (14 de novembro).
Segundo a imprensa venezuelana, desde 2017, pelo menos 36 venezuelanos teriam sido sancionados pela União Europeia.
A Venezuela tem atualmente dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, do Presidente Nicolas Maduro, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar que é da oposição.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó jurou assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.