Venha daí o tango em Lisboa
Portugal-França joga-se sábado com a final histórica Paris na cabeça
Portugal, detentor do título, e França, campeã mundial, podem definir, no sábado, o vencedor do Grupo 3 da Liga das Nações A de futebol e quem segue para as meias-finais, em nova 'decisão' luso-gaulesa quatro anos depois.
Ainda que tenha contornos claramente menos expressivos e dramáticos do que a final do Euro2016, em Paris, o jogo que se vai disputar no Estádio da Luz poderá 'desempatar' a igualdade que se verifica na classificação do grupo, no qual Croácia e Suécia já estão fora das contas da passagem à 'final four'.
Com duas rondas por disputar na fase de grupos, portugueses e franceses seguem lado a lado, ambos com 10 pontos e sem qualquer desaire, mas com vantagem da equipa das 'quinas' na diferença de golos (9-1 contra 7-3), que, na prática, lhe confere a liderança.
Uma vitória de uma das equipas será garantia de apuramento automático, já que o vencedor passará para a frente com três pontos à maior, faltando disputar apenas uma jornada, a sexta e última, na qual Portugal visitará a Croácia e a França receberá a Suécia.
Caso se verifique um empate sem golos na Luz, a seleção nacional manter-se-á na frente e com melhor diferença de golos, tendo em conta que trouxe um 'nulo' (0-0) de Paris, enquanto uma igualdade com golos colocará a França no topo. Em ambos os casos, o apuramento para as 'meias' apenas ficará definido na derradeira ronda do grupo.
A formação comandada por Fernando Santos vem de oito jogos sem perder -- entre oficiais e particulares - nos quais 'faturou' 24 golos, sete dos quais no particular com Andorra (7-0), na quarta-feira, e sofreu apenas um, diante da Croácia (4-1), logo no arranque da Liga das Nações A.
A última derrota lusa aconteceu há pouco mais de um ano, na Ucrânia (2-1), no apuramento para o Euro2020, que acabou adiado para 2021, devido à pandemia de covid-19. O desaire com os ucranianos é, aliás, o único em mais de dois anos, desde a eliminação no Mundial2018, ante o Uruguai (2-1).
Por seu lado, a França, campeã mundial e segunda classificada no 'ranking' da FIFA, perdeu a invencibilidade ao fim de 12 triunfos seguidos, ao perder por 2-0 na receção à Finlândia, também na quarta-feira, num particular no qual o selecionador Didier Deschamps poupou várias das principais 'figuras'.
De resto, o próprio Fernando Santos fez o mesmo com Andorra, o que faz antever que não apresente uma equipa muito diferente daquela que empatou 0-0 no primeiro jogo com os franceses, em Paris, embora agora esteja privado do 'esteio' Pepe, lesionado.
Tal como no Stade de France, Danilo Pereira e William Carvalho devem proteger as 'costas' de Bruno Fernandes, cabendo a Cristiano Ronaldo liderar um ataque composto por João Félix e Diogo Jota, dois jogadores que têm estado em destaque nas últimas semanas, com golos e exibições de 'luxo' ao serviço de Atlético de Madrid e Liverpool, respetivamente.
Da mesma forma, os 'bleus' contam com um autêntico 'arsenal' ofensivo entre as escolhas de Didier Deschamps, liderado pelo prodígio Kylian Mbappé (10 golos em todas as provas) e reforçado por Antoine Griezmann, Olivier Giroud, Anthony Martial ou o estreante Marcus Thuram, filho do antigo internacional francês Lilian Thuram.
Portugal e França jogam no sábado, a partir das 19:45, no Estádio da Luz, em Lisboa, num encontro que será dirigido pelo alemão Tobias Stieler.
Luz pode selar pela sétima vez apuramento para fase final
O Estádio da Luz, casa do Benfica, pode ser palco pela sétima vez de um apuramento da seleção portuguesa de futebol para a fase final de uma grande competição, desta vez a da Liga das Nações.
Um triunfo frente à França selará a terceira qualificação no novo reduto das 'águias', depois de quatro na antiga Luz, inaugurada em 01 de dezembro de 1954 e que teve o derradeiro encontro, já 'partida ao meio', em 22 de março de 2003.
Entre os dois estádios, Portugal carimbou o bilhete para dois Mundiais (2002 e 2018) e quatro Europeus (1984, 1996, 2000 e 2012), procurando agora, sem a ajuda do público, um lugar na fase final da segunda edição da Liga das Nações (2021).
A primeira vez que a Luz fez a festa aconteceu em 13 de novembro de 1983, dia que entrou para a história do futebol português como o do primeiro apuramento para a fase final de um campeonato da Europa.
Numa tarde cinzenta, e num relvado muito pesado, um 'slalom' do 'pequeno genial' Fernando Chalana acabou em penálti - após alegada falta quase sobre a linha da área -, que Jordão, único 'leão' num 'onze' com seis portistas e quatro benfiquistas, aproveitou para bater Dasaev, aos 42 minutos.
Os comandados de Fernando Cabrita conseguiram, depois, segurar a vantagem até final e selaram a qualificação, ao fecharem o Grupo 2 com 10 pontos, contra nove dos soviéticos, que haviam goleado Portugal em Moscovo por 5-0.
Doze anos e dois dias depois, em 15 de novembro de 1995, Portugal selou na Luz a segunda presença num Europeu, a primeira já com a 'geração de ouro', os campeões do Mundo de juniores de 1989 e 1991, com um 3-0 à República da Irlanda.
Necessitado apenas de um ponto, o 'onze' de António Oliveira resolveu apenas na segunda parte, com tentos de Rui Costa (60 minutos), com um espetacular 'chapéu' a Alan Kelly, Hélder (74) e Cadete (89), numa noite de muita chuva.
E assim, 20 anos depois de uma presença no Mundial do México (1986) para esquecer, ou talvez não, Portugal voltou a chegar a uma fase final. Acabaria por 'cair' em Inglaterra devido um 'chapéu', de checo Poborsky (0-1), nos quartos de final.
Quatro anos volvidos, também foi na antiga Luz que Portugal garantiu um lugar no Europeu de 2000, ao vencer a Hungria por 3-0, precisamente a diferença de golos que precisava para a acabar a fase de qualificação com o 'rei dos segundos'.
Rui Costa, agora de penálti, aos 14 minutos, voltou a marcar e João Vieira Pinto, aos 16, aumentou a vantagem lusa, mas, quando tudo parecia correr da melhor forma, Pauleta viu, infantilmente, um segundo amarelo e foi expulso, aos 42.
Com menos um, a formação comandada por Humberto Coelho conseguiu, porém, manter a baliza de Vítor Baía inviolável e, do outro lado do campo, Abel Xavier marcou, aos 58 minutos, o golo que faltava.
A 'geração de ouro' brilhou no Euro2000, mas só em 2002 disputou pela primeira vez um Mundial, em mais um apuramento garantido na Luz, em 06 de outubro de 2001, desta vez sem dramas ou dificuldades, com um claro 5-0 à Estónia.
João Vieira Pinto inaugurou o marcador, aos 30 minutos, Nuno Gomes, entrado aos 39, 'bisou', aos 50 e 65, com Pauleta a faturar pelo meio, aos 59, e Figo a fechar a contagem, aos 79, num apuramento histórico (sete triunfos e três empates).
A antiga Luz 'apagou-se', culpa do Euro2004, e nasceu a nova, que recebeu a primeira festa de apuramento em 15 de novembro de 2011, face à Bósnia-Herzegovina, na segunda mão do 'play-off', e depois de um 'nulo' em Zenica.
Como uma década antes, Portugal não teve problemas em garantir um lugar no Euro2021, ao golear os bósnios por expressivos 6-2, com 'bis' de Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga e ainda golos de Nani e Miguel Veloso.
A última vez que a Luz assistiu a uma qualificação aconteceu cerca de seis anos depois, em 10 de outubro de 2017, com um triunfo por 2-0 face à Suíça, que chegou a Portugal necessitada de um ponto para selar o apuramento direto.
Portugal, que um ano antes perdera pelo mesmo resultado em solo helvético, no primeiro jogo oficial depois da conquista do Euro2016, chegou ao Mundial da Rússia graças a um autogolo de Djourou (41 minutos) e um tento de André Silva (57).