Candidatura de Trump mantém tese de fraude eleitoral mas ainda não conseguiu provas
Os elementos da candidatura do ainda Presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, continuam a tentar encontrar evidências de fraude eleitoral para reverter os resultados das presidenciais, mas todas as tentativas falharam até agora.
Durante uma audiência em tribunal, na Pensilvânia, esta semana, um juiz questionou o procurador Jonathan Goldstein sobre se tinham sido encontradas quaisquer evidências de fraude eleitoral entre os 592 boletins de voto contestados pela candidatura de Trump.
A Pensilvânia foi um dos Estados que o candidato democrata e agora Presidente eleito, Joe Biden, conseguiu 'virar', assegurando os 20 votos do colégio eleitoral que ditaram a vitória nas presidenciais de 03 de novembro, de acordo com as projeções de vários órgãos de comunicação social norte-americanos, entre os quais o The New York Times ou a CNN, entre outros.
Para um dos candidatos vencer precisa de atingir, no mínimo, 270 votos do colégio eleitoral, de um total de 538.
Por essa razão, este Estado importantíssimo na 'matemática eleitoral' foi um do que viu a contagem ser alvo de um processo que contesta a veracidade dos resultados e que aponta os democratas como alegados autores de manipulação.
Contudo, em relação à suspeita de adulteração dos 592 boletins de voto contestados naquele estado, o procurador respondeu que não foram encontradas quaisquer evidências de fraude eleitoral.
"Acusar as pessoas de fraude [eleitoral] é um grande passo", disse Goldstein, citado pela Associated Press (AP).
Trump, por seu turno, não tem tido cautela nas acusações, alegando sistematicamente que os resultados eleitorais são fraudulentos e que seria o justo vencedor se apenas fossem contados os 'votos reais'.
Estes votos a que o ainda chefe de Estado norte-americano se refere dizem respeito aos votos de eleitores que optaram por votar no próprio dia das eleições, 03 de novembro. Contudo, os norte-americanos tinham ao dispor outros tipos de modalidades de voto, nomeadamente os votos antecipados e por correio.
Sem evidências plausíveis de que houve, de facto, fraude eleitoral, o Presidente mantém as acusações, apesar de elementos da comissão eleitoral norte-americana a nível nacional, de ambos os partidos, já terem refutado as alegações e confirmado que não houve quaisquer conspirações para 'roubar' a vitória a Trump.
Quarta-feira, o Presidente virou as atenções para Filadélfia, um dos bastiões dos democratas e que ajudou Biden a assegurar os 20 votos do colégio eleitoral na Pensilvânia
Donald Trump acusou, na rede social Twitter, Al Schmidt, um oficial eleitoral republicano, de ignorar "uma montanha de corrupção e desonestidade". O Twitter adicionou a esta publicação uma mensagem que dá conta de que o conteúdo disseminado pelo Presidente é contestado e não serve como facto.
Ao todo, os apoiantes de Trump deram entrada a 15 ações judiciais na Pensilvânia para tentar reclamar os 20 votos do colégio eleitoral.
Os Estados da Geórgia (16 votos), Arizona (11), Nevada (seis) e Michigan (16) também foram alvos de processos semelhantes. Biden também venceu nestes quatro Estados.
A legalidade e a ética da participação de advogados nesta demanda baseada em alegações infundadas têm sido contestada, numa altura em que a divisão verificada nos Estados Unidos da América antes das eleições parece continuar, com Trump a querer agarrar-se ao poder e Biden a desenvolver a agenda para os próximos quatro anos.
De acordo com Justin Levitt, docente na Layola Law School e antigo oficial das eleições do Departamento da Justiça, isto poderá "ser uma tentativa de apaziguar o ego" de Trump, no entanto, tem "consequências reais".
"A tentativa de apaziguar o ego do Presidente não é um crime isento de vítimas", advertiu.
Al Schmidt, por exemplo, disse ao programa "60 Minutos", da CBS, que o seu gabinete, que é republicano, recebeu ameaças de morte por simplesmente contar os votos.
"Contar votos registados no dia da eleição ou antes, por eleitores qualificados, não é corrupção. Não é batota. É democracia", uma vez que os Estados Unidos contemplam essa possibilidade, disse Schmidt durante a entrevista, transmitida no último domingo.
Os apoiantes de Trump discordam, apesar de a lei eleitoral norte-americana prever este tipo de procedimento, e estão a financiar o fundo promovido pelo Presidente para esta campanha.
Uma campanha na qual também estão envolvidos o advogado particular de Trump, Rudy Giuliani, Jay Sekulow, um procurador que também esteve envolvido no processo de destituição que o Presidente enfrentou, e David Bossie, um elemento da candidatura que não é advogado.
Se os apoiantes de Trump encontrarem evidências de fraude eleitoral, o caso poderá chegar às mais altas instâncias judiciais.
Rick Hasen, professor e investigador na Universidade da Califórnia, disse que o aparecimento de nomes sonantes no Supremo Tribunal neste enredo poderia indicar que havia fortes indícios de fraude eleitoral, mas com Giuliani e Bossie à frente do caso, a seriedade da fraude continua a ser contestável.