Sindicatos pedem eleições pacíficas na Costa do Marfim
Três centrais sindicais da Costa do Marfim apelaram hoje à criação de um "quadro consensual" para que a realização das eleições presidenciais, previstas para 31 de outubro, decorram de forma pacífica.
As centrais Dignidade, UGTCI e Fesaci-CG instaram o Presidente do país, Alassane Ouattara, a "criar um quadro consensual para a realização de eleições credíveis, inclusivas, transparentes e pacíficas, cujos resultados sejam aceitáveis para todos", refere uma declaração conjunta lida pelo secretário-geral da Fesaci-CG, Mamadou Dohia Traoré, citado pela agência France-Presse.
Já na segunda-feira, a Plataforma Nacional, um outro grande sindicato costa-marfinense, tinha apelado ao adiamento das eleições presidenciais.
"Somos a favor da organização de uma conferência nacional para determinar, de forma consensual, as condições para uma eleição democrática e pacífica", disse então o seu presidente, Théodore Gnagna Zadi, também citado pela AFP.
Em 14 de setembro, o Conselho Constitucional rejeitou 40 das 44 candidaturas às eleições presidenciais de 31 de outubro, incluindo a do antigo primeiro-ministro Guillaume Soro, sustentando a decisão com a condenação a pena de prisão pelos tribunais da Costa do Marfim. Soro, 48 anos e atualmente em França, foi condenado a 20 anos de prisão por desvio de fundos públicos, enfrentando ainda um processo por tentativa de insurreição.
Eleito para a presidência em 2010, quando substituiu Laurent Gbagbo, e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que não iria procurar um terceiro mandato, acabando por mudar de ideias após a morte do seu delfim, o primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly, em 08 de julho deste ano.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos, mas o Conselho Constitucional decidiu que, com a aprovação de uma nova versão do texto fundamental do país, em 2016, o número de mandatos de Ouattara foi reposto a zero, algo contestado pela oposição.
Na Costa do Marfim paira um receio de uma repetição de mortais episódios de violência, à semelhança do que aconteceu após as eleições presidenciais de 2010.
Estima-se que 3.000 pessoas tenham morrido devido à recusa de Laurent Gbagbo em admitir a derrota face a Ouattara.
A violência que se seguiu ao anúncio da participação de Ouattara nas eleições de outubro, em agosto, resultou na morte de pelo menos 15 pessoas na Costa do Marfim.