Madeira

Paroquianos unem-se para ajudar novo padre

Mas há divisões, pois há quem ache que ajudar João Humberto é estar contra António Paulo

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Foto Arquivo

A população dos Canhas e do Carvalhal reagiu à notícia da falta de dinheiro nas paróquias e falta de bens essenciais na casa paroquial com um movimento solidário destinado a ajudar o novo padre, que recentemente foi destacado para assegurar o serviço religioso e foi surpreendido com as más condições financeiras e físicas que encontrou, como revela a notícia principal da edição desta sexta-feira do DIÁRIO. Uma paroquiana, directamente envolvida neste movimento, explica que não se trata de ajudar o padre, mas de ajudar a paróquia.

Sem querer deixar o seu nome neste artigo por receio de más-interpretações e porque também se dava bem com o anterior pároco, conta que a lista foi criada pelo novo padre a pedido dos paroquianos para evitar duplicação de bens e que os artigos já começaram a ser entregues. “Ele já tem algumas coisas, já foram lá levar”. Nos donativos estão por exemplo um frigorífico e um microondas. O Grupo Coral dos Canhas deverá oferecer o fogão.

Em termos financeiros, os Irmãos da Confraria afecta à Igreja do Carvalhal ainda ficou com algum dinheiro, pois geria as suas recolhas e já se terão disponibilizado para ajudar o padre. No caso dos Canhas, o dinheiro era gerido directamente por António Paulo, e está dentro dos 125 euros que ficaram na conta, como divulgado pelo novo sacerdote, João Humberto aos paroquianos.

“Toda a gente quer ajudar”, diz a nossa fonte, revelando que João Humberto está a viver no Caniço nesta fase. “Ele não vem para cá enquanto não tiver a casa em condições”. Nesta fase, relatou ainda ao DIÁRIO, o novo padre estará a usar o seu dinheiro para pagar algumas contas.

No seio das pequenas comunidades há divisões, entre os que estimavam o anterior padre e se sentem de certa forma traídos pelo movimento em prol do novo sacerdote. A nossa fonte, esclarece: “Nós não estamos a ajudar o Sr. padre, nós estamos a ajudar a Paróquia. Só que há pessoas que não entendem isso. Ninguém está contra o padre António Paulo, o Padre António Paulo fez muita coisa”.

Sobre o que o anterior pároco fez bem, a paroquiana aponta as salas de catequese, a capela mortuária e o coreto para a banda, embora este tenha sido da discórdia e tenha sido retirado. Mas admite: “Ninguém estava à espera, não está fácil”. A população não esperava da pobreza relatada. “Ficaram tristes de saber a situação, da casa não estar em condições e de estar [a conta] a zeros”. Acrescenta ainda que apesar desta situação, as pessoas não dizem mal do anterior responsável pelas paróquias. Cada um tem os seus defeitos e feitios, escuda-se. “Este também deve ter, como a gente também tem”.

À pergunta se quando o anterior pároco chegou a casa paroquial também estava despida, diz que não se recorda, que foi há 15 anos. “Mas sei que não foi necessário o Sr. padre dizer na igreja que não tinha isto, não tinha aquilo, que não tinha condições”.

Um carpinteiro já esteve a arranjar um buraco que tinha no quarto de dormir por cima da cama e as catequistas já se reuniram para limpar e desinfectar as salas da Igreja para a catequese. A população vai ajudando como pode, procurando um regresso à normalidade. As pessoas interessadas em contribuir devem entregar directamente os donativos na igreja ou na casa paroquial.

“Quem ajudou é que quis ajudar, ele não está a obrigar ninguém”, frisou a nossa interlocutora. “Bom é esquecer o passado. Agora é um novo padre, é ajudar igual”, defendeu. Diz que quem o faz, fá-lo pela fé e que se vier outro padre a seguir vão fazer igual.

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